Estado de Minas faz capa histórica contrapondo vacina e armas

Brasil já vive "apagão" de vacinas, com cidades interrompendo a imunização, e Bolsonaro, ao invés de agir para defender a vida, edita decreto que incentiva a morte

Reprodução/Estado de Minas
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O jornal Estado de Minas foi às bancas nesta terça-feira (16) com uma capa histórica. O veículo, em crítica a Jair Bolsonaro, contrapôs a necessidade de mais vacinas no país com os decretos editados pelo presidente que facilitam a compra de armas e munições.

"Bolsonaro quer mais armas. O Brasil precisa de mais vacinas", diz a manchete do jornal, em letras garrafais, com informações sobre os decretos do presidente e a carência de imunizantes contra a Covid-19 no Brasil.

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Apagão de vacinas

Diante do atraso do governo Bolsonaro em firmar acordos para a aquisição de vacinas contra a Covid-19, o Brasil já vive um apagão na distribuição dos imunizantes.

Nesta segunda-feira (15), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), anunciou que vai suspender a imunização contra a Covid-19 por falta de vacinas na cidade.

A imunização de idosos de 84 anos nesta segunda será mantida, mas a partir desta terça-feira (16) a vacinação será paralisada até a chegada de novas doses do Instituto Butantan, que deve ocorrer somente na próxima semana.

Além do Rio, Ananindeua, no Pará, vive situação parecida. A secretaria de Saúde da cidade suspendeu a imunização neste domingo (14) por falta de doses e o plano de vacinação só será retomado quando o município receber uma nova leva de vacinas do governo federal.

O estado da Bahia também está com os estoques de vacinas quase zerados. A vacinação chegou a ser suspensa na capital Salvador neste último final de semana, mas foi retomada nesta segunda-feira (15).

Inúmeras outras cidades do estado, porém, estão com as doses no final e o governador Rui Costa (PT) informou que, em algumas regiões do estado, a vacinação deve ser paralisada nesta semana.

Decreto de armas

A atualização do Decreto 9.845/2019 promovida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que facilita ainda mais a posse e porte de armas e munições tem gerado uma série de reações.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) fez uma série de tuítes onde afirma que “a política armamentista do presidente não é apenas sobre insegurança, é sobre democracia. Bolsonaro está armando seus apoiadores para ameaçar as instituições. O golpe está em curso”.

O trecho que tem chamado a atenção dos críticos à política armamentista do governo Bolsonaro é o que dispõe sobre a mudança do número de armas e quantidade de munições que podem ser compradas a partir da reedição do decreto.

As polêmicas mudanças promovidas no Decreto 9.845/2019 passam permitir que profissionais com direito a porte de armas, como Forças Armadas, polícias e membros da magistratura e do Ministério Público possam adquirir até seis armas de uso restrito. Antes, esse limite era de quatro armas.

O novo texto do decreto também passa a permitir que atiradores possam adquirir até 60 armas e caçadores, até 30. A autorização do exército só será exigida quando essas quantidades forem superadas.

Também foram elevadas a quantidade de munições que podem ser adquiridas por essas categorias: 2 mil para armas de uso restrito e 5 mil para armas de uso permitido.