Nesta sexta-feira (3), foi publicada no Valor Econômico pesquisa Ipespe que aponta vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo no primeiro turno e em todos os cenários de segundo turno. No mesmo dia, a revista Veja sai com reportagem de capa adulatória em que joga todas as suas fichas na pré-candidatura do governador João Doria, vencedor das prévias tucanas, mas que aparece com apenas 2% no mesmo levantamento.
A reportagem, assinada por Bruno Ribeiro e João Pedroso de Campos, afirma que Doria é “um dos políticos brasileiros mais bem-sucedidos dos últimos anos” e prossegue com um sem fim de fórmulas para que o governador – liderança do neotucanato de direita – chegue ao cargo tão almejado e disputado desde que Fernando Henrique Cardoso o deixou, em 2002.
Feito uma publicação de comitê, a revista destaca reação de Doria diante das dificuldades que tem frente aos próprios correligionários: “’cada vez que dizem que não vai dar, eu aumento minhas horas de trabalho, minha dedicação. Exatamente para demonstrar o contrário’, afirmou ele a VEJA”.
‘Alternativa mais viável’
O texto aponta os “desafios gigantescos” que o governador terá pela frente “no sonho de chegar à Presidência”, e afirma que ele se mostra “a alternativa ao centro mais viável para romper a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, atuais líderes nas pesquisas”.
Para a Veja, Doria é o candidato capaz de renovar o PSDB, de acabar com as cisões externas e resgatar o partido para a bandeira da ética destruída após os escândalos envolvendo, entre outros, Aécio Neves.
Em um parágrafo digno de peça de marketing, a reportagem aponta: “ciente do tamanho da empreitada, Doria expressou a sua preocupação logo no discurso da vitória, em Brasília, no último dia 27. ‘Nessas prévias não há nenhum derrotado’, disse. ‘Precisamos da união do PSDB e de todos os partidos que possam construir o centro democrático.’”
Acordo com Moro
Próxima do final, a reportagem aposta no acordo com o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos), diz que a “caminhada em conjunto para 2022 não parece totalmente fora de propósito, desde que se resolva um difícil entrave: quem abrirá mão de ser o líder? Hoje, Moro figura bem melhor que o governador nas pesquisas. Por outro lado, faltam-lhe traquejo político e experiência de gestão, pontos em que Doria leva larga vantagem”.
Alguns parágrafos de babação explícita à frente, a revista encerra com o primor de frase: “mesmo os adversários reconhecem a qualidade da gestão de Doria à frente de São Paulo, assim como a forma obsessiva e organizada como costuma enfrentar qualquer disputa. Nesse aspecto, ele chega em alguns momentos a surpreender até sua própria equipe”.