A edição deste domingo (28) do Fantástico mostrou uma reportagem que reforça a ideia de que o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar do Rio de Janeiro, realmente foi autor de uma chacina no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
Durante a operação no local, onde moram cerca de 60 mil pessoas, oito moradores foram mortos pela polícia, no dia 21 de novembro.
A equipe do programa da Rede Globo teve acesso a documentos que se chamam registros de ocorrências. De acordo com as informações contidas, os 22 policiais que participaram da operação dispararam um total de 1.514 tiros.
Como a ação do Bope demorou 33 horas, os agentes foram responsáveis por disparar um tiro a cada 1 minuto e 18 segundos, em média.
Testemunhas ouvidas pela reportagem apontaram que os policiais invadiram casas no local da ocorrência, comeram, beberam, quebraram objetos antes de promoveram a matança.
Além disso, o Fantástico afirmou que a operação foi motivada, de fato, por vingança pela morte de um sargento, assassinado por traficantes do local, em 20 de novembro. No dia seguinte, agentes do Bope atacaram a favela em represália.
Guilherme Pimentel, ouvidor da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, declarou, em entrevista ao Fantástico, que houve uma série de irregularidades graves na ação do Bope.
Até outubro, Rio teve 38 chacinas, 27 cometidas por policiais
A operação policial que matou ao menos oito pessoas no Salgueiro se soma a pelo menos 38 casos de chacina registrados no estado do Rio de Janeiro somente este ano.
Os dados são da Rede de Observatórios de Segurança, entidade composta por organizações acadêmicas e da sociedade civil que monitora e difunde informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos.
Segundo a Rede, até outubro deste ano, das 38 chacinas registradas no RJ (4 a mais que em 2020), 27 delas foram cometidas por policiais, o que culminou, no total, em 128 mortes. Isso significa que 71% das chacinas no estado foram promovidas por forças policiais.