Lula na Europa: Prerrogativas classifica silêncio da grande mídia como "deformação da liberdade de imprensa"

Silêncio da grande imprensa contrasta com a calorosa recepção que Lula teve no continente europeu; ex-presidente foi aplaudido em Parlamento da União Europeia

Lula participou de evento na Sciences Po durante viagem à Europa | Foto: Marcelo Prest/Revista Fórum
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O Grupo Prerrogativas divulgou nota nesta terça-feira (16) criticando o silêncio da grande mídia sobre a viagem internacional do ex-presidente Lula à Europa. A baixa cobertura da imprensa brasileira contrapõe a calorosa recepção que Lula tem recebido no continente europeu.

"O menosprezo de grandes jornais e redes de comunicação brasileiros em relação à viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a países europeus não constitui apenas uma inexplicável lacuna informativa. Revela também uma preocupante deformação da liberdade de imprensa", aponta a nota dos juristas do Prerrogativas.

O grupo sustenta que "somente um propósito intencional justifica a omissão noticiosa destes órgãos de comunicação quanto aos significativos encontros mantidos por Lula com personalidades europeias nos últimos dias".

Foram lembrados o silêncio sobre o encontro com Olaf Scholz, provável sucessor de Angela Merkel na chancelaria da Alemanha, a baixa repercussão da efusiva recepção que Lula recebeu no Parlamento Europeu e o contraste da viagem do ex-presidente com as fracassadas agendas do presidente Jair Bolsonaro.

"Tais evidências exigem uma séria ponderação sobre as manobras que certos órgãos de imprensa são capazes de empreender, em favor de interesses inconfessáveis. São constatações que fragilizam e desmoralizam os protestos de tais organismos em resguardo da liberdade de imprensa", afirmam os juristas.

"Afinal, toda vez que os meios de comunicação alijam da opinião pública informações relevantes, com o objetivo de desequilibrar a balança política, resta profundamente violado justamente o princípio segundo o qual a imprensa se legitima a partir da honestidade dos serviços que presta à sociedade", finaliza a nota do Prerrogativas.

Confira a nota do Grupo Prerrogativas

Seletividade editorial e deformação da liberdade de imprensa

O menosprezo de grandes jornais e redes de comunicação brasileiros em relação à viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a países europeus não constitui apenas uma inexplicável lacuna informativa. Revela também uma preocupante deformação da liberdade de imprensa. Somente um propósito intencional justifica a omissão noticiosa destes órgãos de comunicação quanto aos significativos encontros mantidos por Lula com personalidades europeias nos últimos dias.

A seletividade editorial discriminatória tentou invisibilizar a reunião do ex-presidente Lula, líder das pesquisas eleitorais para o pleito de 2022, com o futuro chanceler alemão, Olaf Scholz, líder social-democrata que exercerá papel decisivo na condução dos interesses da União Europeia nos próximos anos. Ainda que não fosse pela relevância do encontro em si, a agenda mereceria destaque por suas implicações geopolíticas e econômicas.

Em seguida, a recepção calorosa dedicada a Lula no Parlamento Europeu, em Bruxelas, assim como o seu discurso no Plenário da Casa, tampouco provocaram uma cobertura midiática nacional à altura da relevância política da ocasião. Desnecessário lembrar que o ex-chefe de Estado brasileiro obteve nessa oportunidade uma espécie de desagravo, após a perseguição que o levou a suportar uma prisão injusta que perdurou por 580 dias, até que fosse libertado sem culpa formada, para assistir à proclamação da suspeição do seu juiz-algoz, Sergio Moro, em julgamento do Supremo Tribunal Federal. Não bastasse isso, a exitosa viagem de Lula sucede o desastre diplomático que representou a participação vergonhosa do atual mandatário, Jair Bolsonaro, na reunião do G-20.

Tais evidências exigem uma séria ponderação sobre as manobras que certos órgãos de imprensa são capazes de empreender, em favor de interesses inconfessáveis. São constatações que fragilizam e desmoralizam os protestos de tais organismos em resguardo da liberdade de imprensa. Afinal, toda vez que os meios de comunicação alijam da opinião pública informações relevantes, com o objetivo de desequilibrar a balança política, resta profundamente violado justamente o princípio segundo o qual a imprensa se legitima a partir da honestidade dos serviços que presta à sociedade.