Autor de livro sobre a face agrária de FHC faz sugestões de perguntas ao Roda Viva

Ex-presidente é o entrevistado de edição especial do programa desta segunda-feira; jornalista Alceu Castilho faz sugestões de perguntas para "o protegido da mídia"

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) é o entrevistado da edição comemorativa de aniversário do Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (28). Para aproveitar a ocasião, o jornalista Alceu Castilho, editor do De Olho Nos Ruralistas, preparou uma série de perguntas que serviriam como "sugestões" aos entrevistadores da bancada.

Castilho é autor do livro "O Protegido – por que o país ignora as terras de FHC", que narra a trajetória política do tucano e também sua pouco explorada face agrária. Para o jornalista, o ex-presidente é um "protegido" da mídia.

Personagens da Lava Jato aparecem também em no livro de Castilho. Entre eles, Emílio Odebrecht. O patriarca da empreiteira é sócio do pecuarista Jovelino Carvalho Mineiro Filho, segundo personagem principal do livro e o principal responsável pela consolidação de Fernando Henrique como fazendeiro. Outros empresários sob investigação compõem a narrativa, entre eles alguns que estavam em jantar no Palácio da Alvorada, em 2002, destinado a angariar fundos para o Instituto Fernando Henrique Cardoso, hoje Fundação FHC.

A aventura agrária de Fernando Henrique começou com Sérgio Motta, ex-ministro das Comunicações, quando os dois compraram fazenda em Buritis (MG), cenário de despejo de famílias sem-terra durante o governo do sociólogo. Após a morte de Motta, Jovelino Mineiro tornou-se sócio dos filhos de FHC. “O Protegido” mostra como essa conexão – o pecuarista é amigo muito próximo do político – desemboca no canavial em Botucatu, localizado em área de mananciais, na região do Rio Pardo.

Confira, abaixo, a lista de sugestões de perguntas preparadas por Alceu Castilho à bancada do Roda Viva.

— E o canavial em Botucatu, presidente? Em área de mananciais?

— Por que o senhor e seus filhos doaram por R$ 5 uma fazenda comprada por R$ 643 mil?

— A propriedade remanescente será beneficiada pela valorização do imóvel, diante da construção da Represa do Rio Pardo pela prefeitura tucana, apoiada pelo governo estadual tucano. Os senhores pretendem lotear a fazenda comprada por R$ 3,6 milhões, diante das mudanças no zoneamento?

— Quanto pretendem ganhar com isso?

— Por que o senhor voltou a ser sócio, no ano passado, se tinha transferido a propriedade para os três primeiros filhos?

— Qual o papel de seu braço direito, o pecuarista Jovelino Mineiro, que o senhor chama de Nê, nas negociações com o prefeito Mário Pardini? (É que Pardini agradeceu ao Jovelino, não à família Cardoso, pelas doações.)

— O senhor poderia falar sobre o gado vendido na fazenda de Jovelino, em 1999, produzido em sua fazenda em Minas, para a família de um ex-presidente do TCE paulista, Eduardo Bittencourt, exonerado do Tribunal de Contas por suspeita de enriquecimento ilícito? (A empresa compradora já foi acusada de lavar dinheiro.)

— O senhor conhece bem as conexões entre Jovelino Mineiro e Emílio Odebrecht, que acusou o senhor de fazer caixa 2, com dinheiro da empreiteira, em suas eleições?

— Conte-nos mais sobre o apartamento em Paris, pertencente à esposa de Jovelino Mineiro. Quem mora nele é seu filho caçula, como contou a jornalista Mirian Dutra, com quem o senhor passava fins de semana na fazenda em Minas?

— Conte-nos mais sobre a mesada para Mirian Dutra, em Barcelona. Quem pagava era o pecuarista Jonas Barcellos, como ela disse?

— Jovelino Mineiro foi quem escolheu a sede da Fundação FHC, em São Paulo, no mesmo prédio que a Sociedade Rural Brasileira, apoiadora dos golpes de 1964 e 2016, onde ele é influente. Qual o papel dele e do senhor na derrubada de Dilma Rousseff?

— Jovelino, que o senhor chama de Nê, foi também quem reuniu os empresários que bancaram a criação do Instituto FHC, hoje Fundação FHC, no fim de seu segundo governo. O senhor nunca temeu ser investigado por isso, como acontece com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Por quê?

— O senhor acha correto ter canavial em área de mananciais, parte dele em Área de Proteção Permanente (APP)?

— Quem compra a cana de sua fazenda?

— Por que o nome da empresa se chama Goytacazes Participações? O senhor não considera curioso que um intelectual conhecido por ser um dos sistematizadores da Teoria da Dependência chegue aos 90 anos como dono de um canavial?

— A Fundação FHC promove o agronegócio. Seria por interesse público ou privado?

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