Trabalhadores da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) e representantes de sindicatos de jornalistas e radialistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal lançaram um dossiê com 138 denúncias de “censura ou governismo” em pautas e reportagens da empresa pública realizadas de janeiro de 2019 a julho de 2020.
O levantamento, que também é assinado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), acusa o governo de Jair Bolsonaro de censurar matérias sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assim como sobre a violação dos direitos indígenas. Trabalhadores também relatam a proibição de entrevistas com a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, entre outras fontes. A informação é da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
Consta no relatório que temas como desmatamento da Amazônia, negacionismo científico sobre a Covid-19 e histórias de perdas relacionadas à doença nem sequer foram pautados. Enquanto isso, publicações protecionistas em relação ao ex-ministro Abraham Weintraub, da Educação, e à ministra Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos, eram incentivadas. O levantamento será encaminhado a organizações da sociedade civil.
Em carta divulgada em novembro do ano passado, jornalistas da EBC já haviam denunciado censura na cobertura das investigações sobre o caso Marielle Franco. Segundo os profissionais, a EBC levou mais de 15 horas para noticiar o possível envolvimento do presidente Jair Bolsonaro no crime. Ainda, a carta relata que outros veículos da emissora sequer noticiaram o caso.
Os jornalistas também lembram que alguns temas repercutidos pela imprensa não são cobertos pela emissora estatal, apesar de todos os eventos de Bolsonaro serem acompanhados sem falha. “A decisão editorial equivocada de silenciar, ou avaliar com longa espera, sobre a notícia mais importante do dia faz com que a EBC perca o respeito e a credibilidade perante a sociedade”, segue a carta enviada à diretora de jornalismo Sirley Batista.