Lilia Schwarcz pede desculpas, mas cobra Folha por texto sobre Beyoncé considerado racista

Historiadora e antropóloga afirmou que foi o jornal que escolheu o título de seu texto criticado pelo movimento negro

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Após a enxurrada de críticas nas redes sociais, a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz usou o Twitter, nesta terça-feira (4), para pedir desculpas por um artigo de opinião publicado no último final de semana, na Folha de S. Paulo, que foi classificado pelo movimento negro como racista.

"Errei e peço desculpas aos feminismos negros e aos movimentos negros com os quais desenvolvi, julgo eu, uma relação como aliada da causa antirracista. Assumo minha responsabilidade pelo artigo e não pretendo vencer qualquer discussão. Diante de uma situação dessas todos perdem", escreveu.

https://twitter.com/LiliaSchwarcz/status/1290690849525968898

No artigo, a historiadora teceu críticas à cantora Beyoncé por seu novo álbum visual, “Black is King”, lançado no dia 31 de julho.

De acordo com o título do texto, Beyoncé erra ao “glamorizar a negritude” no novo álbum e “precisa aprender” a fazer uma luta antirracista que não envolva “pompa” e “brilho”.

Lilia, no entanto, afirmou que foi o jornal Folha de S. Paulo que escolheu o título, e que, por isso, o veículo também deveria, como ela, assumir a responsabilidade.

"Penso também que a Folha de S Paulo deveria assumir sua responsabilidade; é dela a autoria do título e do subtítulo. Não falo em 'erro'; que Beyoncé 'precisa entender' ou de 'artifício holliwodyanno'. Agradeço aos que fizeram críticas construtivas, sigo aprendendo com elas", pontuou.

https://twitter.com/LiliaSchwarcz/status/1290691974224326664

Críticas

O álbum Black is King foi avaliado por muitos como “afrofuturista”, movimento estético que projeta o futuro a partir da perspectiva negra africana e diaspórica. Na obra de Beyoncé, por exemplo, pessoas negras são retratadas como reis e rainhas.

De acordo com Lilia, no entanto, Beyoncé retrata uma África “essencial e edílica”, algo que, para ela, combinaria com o ritmo da “estrela do pop”. Apesar do elogio, ela diz que o álbum também decepciona e alfineta a cantora: “Quem sabe seja hora de Beyoncé sair um pouco da sua sala de jantar e deixar a história começar outra vez, e em outro sentido”.

Nas redes sociais, a historiadora foi chamada de racista por suas críticas a Beyoncé. A cantora Iza foi uma das pessoas que se posicionaram contra Lilia. No Instagram, a artista criticou o trecho em que a intelectual, que é branca, tenta “ensinar” a uma mulher negra como deve ser feita a luta antirracista.

Após as críticas, Schwarcz foi às redes sociais para dizer que respeita o trabalho de Beyoncé e pedir desculpas para quem se ofendeu com seu texto.

“Respeito muito o trabalho de Beyoncé. Peço que leiam o texto todo que é muito mais elogioso que crítico. Todo texto pode ter muitas leituras. Me desculpo, porém, diante daqueles que ofendi. Não foi minha intenção. Respeito muito o diálogo e aprendo com ele”, escreveu.