Feito de bobo da corte por Bolsonaro, Carioca diz que seu gesto "ficou para a história"

Em entrevista, Márvio Lúcio demonstrou convicção de que fez uma grande peça de humor ao ofender jornalistas distribuindo bananas para agradar o presidente

Carioca e Bolsonaro - Foto: Reprodução
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Márvio Lúcio, o Carioca, está orgulhoso de ter sido feito de bobo da corte pelo presidente Jair Bolsonaro. Em março, ao lado do capitão da reserva, o humorista fez uma "performance" imitando o presidente e distribuindo bananas aos jornalistas.

O gesto que ofendeu profissionais de imprensa, além de divertir Bolsonaro, ajudou o presidente a se livrar das perguntas sobre a retração do PIB à época.

Em entrevista a José Luiz Datena, nesta quinta-feira (23), Carioca se mostrou convicto de que produziu uma grande peça de humor ao servir a Bolsonaro. "A paródia de encontrar com o verdadeiro é muito surreal. Isso é o auge para o humorista. Para mim, no sentido do humor, foi espetacular. Ficou para a história. Quando eu promovi essa ideia, eu já sabia o barulho que iria fazer", afirmou.

Na mesma conversa com Datena, o humorista revelou ainda que partiu dele a ideia de fazer a "performance" - o que torna a piada ainda mais sem graça, já que sequer teria sido "contratado" para fazer isso, mas pensou ele mesmo em debochar de trabalhadores da imprensa ao invés da autoridade do presidente.

"Foi uma ideia minha. O humor é uma ferramenta. Assim como o jornalista, o humorista tem uma licença. O humorista ter uma oportunidade de fazer essa grande ‘prank’ é sensacional. Você está fazendo humor, está fazendo um personagem", declarou.

À época em que se prestou a esse papel, Márvio Lúcio foi alvo de inúmeras críticas entre humoristas. Gustavo Mendes, conhecido por imitar a ex-presidenta Dilma Rousseff, por exemplo, disse que a atitude de Carioca foi "lamentável".

"O papel do humor, mais do que fazer rir, é fazer pensar. Por isso digo que humor é sempre oposição, independentemente do viés político. Meu alvo sempre foi o opressor. Jamais aceitaria me prestar a um papel desses, pela situação do país", avaliou Mendes.