"A chegada ao poder do presidente Jair Bolsonaro tensionou a relação do governo federal com a imprensa e contribuiu para o país caísse duas posições no Ranking 2020", diz a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), em relação à sua classificação anual da liberdade de imprensa no mundo e que divulgou, nesta terça (21) a mais recente edição.
O primeiro país da lista é a Noruega, seguido por Finlândia, Dinamarca e Suécia. A Coreia do Norte está na última colocação, à frente do Turcomenistão. À frente do Mali e atrás de Angola (106°), Montenegro (105°) e Moçambique (104°), está o Brasil, em 107° lugar.
Em 2019, o país já havia caído três posições comparado ao ano anterior. A RSF diz que a queda tende a continuar "na medida em que o chefe do Executivo segue incentivando ataques a jornalistas e meios de comunicação".
A ONG crava que a eleição de Bolsonaro "marcou a abertura de um período especialmente sombrio para a democracia e a liberdade de imprensa" e que o presidente do Brasil "promove sistematicamente um clima de ódio e de desconfiança em relação à imprensa" e que, no meio da pandemia, "o governo federal redobrou os ataques, questionando quase que diariamente a cobertura da crise sanitária".
A RSF também atenta para que "o 'gabinete do ódio' que cerca o presidente brasileiro promove ataques a jornalistas que fazem revelações sobre políticas do governo" e sublinha que "desde o início da epidemia de coronavírus, Jair Bolsonaro redobrou seus ataques à imprensa, que ele considera responsável por uma 'histeria' destinada a gerar pânico no país".
A concentração da mídia brasileira, "sobretudo nas mãos de grandes famílias, com frequência, próximas da classe política", também foi abordada pela ONG, que frisou que "o sigilo das fontes é com frequência questionado e muitos jornalistas investigativos são alvo de processos judiciais abusivos" no Brasil.