El Pais faz matéria contra Jones Manoel, que responde: "conteúdo péssimo"

O historiador ainda afirmou que o periódico espanhol distorceu uma conversa feita por e-mail; o sociólogo Vladimir Safatle, ouvido pelo veículo, também criticou o conteúdo

Jones Manoel - Foto: Reprodução/Facebook
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O El Pais Brasil publicou neste sábado (31) uma reportagem contra o historiador e youtuber Jones Manoel pouco mais de um mês após a polêmica gerada pelos elogios do cantor e compositor Caetano Veloso ao conteúdo gerado por ele, na TV Globo. A matéria gerou críticas nas redes sociais pelo conteúdo enviesado e irritou até mesmo uma das fontes consultadas para a matéria, o sociólogo Vladimir Safatle.

"Quem diria que em pleno sábado a noite eu iria ganhar uma matéria inteira do El País para dizer que eu sou o líder nacional do clã neostalinista do satanás que ameaça a linda democracia brasileira. Veja só, estou até me sentindo importante", ironizou o historiador em sua conta no Twitter ao comentar sobre a reportagem, intitulada "A esquerda radical brasileira desenterra o debate sobre o socialismo real e ganha adeptos nas redes".

Em seguida, ele publicou uma nota lamentando o conteúdo e denunciando uma distorção. "Sobre o conteúdo político e teórico da matéria, como devem imaginar, eu achei péssimo, expressão de um sociologismo vulgar e uma versão clean da "teoria" das ferraduras. Nesse ponto, é de total direto do jornal escrever o que deseja. Não é crime e muito menos antiético ser teoricamente pobre e manifestar miséria intelectual. Zero problemas", escreveu.

"O problema da matéria é o parágrafo final, onde é operada uma distorção sobre a troca de mensagens eletrônicas que tive com um dos autores da matéria, Felipe Betim. A distorção é tão grave que toca nas raias da mentira. Como os autores da matéria se sentiram à vontade para distorcer uma conversa de email, eu me sinto à vontade para publicar uma resposta ao El País e anexar as perguntas que recebi e mostrar o viés enviesado, preconceituoso, anticomunista e antiesquerda da matéria desde o início", declarou.

A reportagem, que foi ao ar no mesmo dia em que o jornal publicou um artigo de Manoel com o jornalista Breno Altman, faz uma longa análise sem o devido embasamento, relaciona o historiador com o presidente Jair Bolsonaro - em uma espécie de "teoria da ferradura" revisitada -, fala em "gulag tuiteiro" e resgata a falsa polêmica do stalinismo, que foi embutida por "formadores de opinião" liberais após o músico Caetano Veloso elogiar o conteúdo produzido por Manoel e os livros do filósofo italiano Domenico Losurdo (1941-2018).

O parágrafo que Jones Manoel alega distorção afirma que o historiador só aceitaria responder aos questionamentos se fossem publicados na íntegra ou se tivesse acesso ao que seria publicado, para que não houvesse descontextualização. O jornal ainda afirma que "ele também pediu que sua negativa em colaborar não fosse mencionada".

Os termos utilizados pelo El Pais foram alvo de críticas, inclusive, de uma das fontes consultadas para a produção da matéria, o sociólogo Vladimir Safatle. Já na reportagem, ele minimiza a falta polêmica "neostalinista", mas fez questão de publicar uma nota no Facebook lamentando o conteúdo publicado pelo jornal espanhol, que ele classificou como "um ataque frontal a uma pessoa".

"Um jornalista do El País publicou um artigo de ataque a Jones Manoel no qual eu sou ouvido e alguns trechos de falas minhas foram transcritos. Eu havia entendido que se tratava de um artigo sobre a "radicalização da esquerda", não um ataque frontal a uma pessoa. Se entendesse que seria assim, teria declinado o pedido de entrevista por não ver o sentido de artigos dessa natureza. Por isto, quero deixar público, para evitar qualquer tipo de interpretação errada, que concordo em vários pontos com o que conheço dos posicionamentos de Jones Manoel, e discordo de vários outros pontos, mas acho seu debate importante, necessário e espero que ele tenha cada vez mais espaço", escreveu.

Confira a nota publicada pelo historiador, no Twitter:

Nota sobre a matéria do Jornal El País

Acabei de ler a matéria publicada no El País dedicada à minha pessoa. Sobre o conteúdo político e teórico da matéria, como devem imaginar, eu achei péssimo, expressão de um sociologismo vulgar e uma versão clean da "teoria" das ferraduras. Nesse ponto, é de total direto do jornal escrever o que deseja. Não é crime e muito menos antiético ser teoricamente pobre e manifestar miséria intelectual. Zero problemas.

O problema da matéria é o parágrafo final, onde é operada uma distorção sobre a troca de mensagens eletrônicas que tive com um dos autores da matéria, Felipe Betim. A distorção é tão grave que toca nas raias da mentira.

Como os autores da matéria se sentiram à vontade para distorcer uma conversa de email, eu me sinto à vontade para publicar uma resposta ao El País e anexar as perguntas que recebi e mostrar o viés enviesado, preconceituoso, anticomunista e antiesquerda da matéria desde o início.

Tentarei escrever já esse domingo, mas, no limite, terça-feira tá no ar.

Ainda friso que essa semana lancei vídeo novo no canal - "As armadilhas do desenvolvimentismo" - e, de novo, não foi sobre Stálin, mas sobre imperialismo e dependência.

https://twitter.com/_makavelijones/status/1322670698012225537
https://www.facebook.com/vladimir.safatle/posts/4799910096747444

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