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Na contramão do entendimento de especialistas, o Grupo Bandeirantes divulgou um editorial em que se posiciona a favor do novo decreto que flexibiliza o porte de armas de fogo para inúmeros segmentos sociais assinado na última terça-feira (7) pelo presidente Jair Bolsonaro.
Lido ao vivo pelo âncora do 'Jornal da Band', Rafael Colombo, na noite desta sexta-feira (10), o texto da empresa de comunicação, sem nenhum embasamento técnico, sugere que as pessoas "não entenderam" o decreto e justifica sua defesa com o argumento de que a medida atende a um anseio popular.
"O cidadão honesto exigiu o direito de ter a sua arma. O decreto de agora é a resposta a esta escolha democrática. Vamos respeitar a vontade popular? Esta é a opinião do Grupo Bandeirantes", diz um trecho do editorial.
O Grupo Bandeirantes, no entanto, ao falar da "vontade popular", ignorou o fato de que, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada em abril, 64% dos brasileiros se dizem contra o porte de arma de fogo. À Fórum, o coordenador de Projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques, afirmou que a nova flexibilização contraria todas as evidências científicas nacionais e internacionais, que indicam que quanto mais armas em circulação na sociedade mais crimes nós temos, não o contrário. O novo decreto de Bolsonaro vem sendo criticado, também, pela Justiça e pelo Congresso. A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber deu um prazo de cinco dias para que o presidente explique a medida. Consultores da Câmara e do Senado, por sua vez, elaboraram pareceres que indicam que o decreto de Bolsonaro extrapola limites legais, distorcendo o Estatuto do Desarmamento. Faroeste O decreto sancionado por Jair Bolsonaro, publicado nesta quarta-feira (8) no Diário Oficial da União, estende o porte de arma para um conjunto de profissões, como advogados, caminhoneiros e políticos eleitos – desde o presidente da República até os vereadores. O direito ao porte é a autorização para transportar a arma fora de casa. A medida ainda abre brechas para que adolescentes possam treinar tiro em clubes. O texto foi assinado por Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto nesta terça-feira (7), quando ele citou apenas algumas das categorias que teriam o porte facilitado: caçadores, colecionadores e atiradores – conhecidos como CACs. Na ocasião, ele não detalhou o documento, que só foi conhecido hoje, quando foi publicado no DOU.Editorial do Grupo Bandeirantes sobre as reações ao decreto das armas. #BandJornalismo pic.twitter.com/zIanV7X7gw
— Jornal da Band (@jornaldaband) 10 de maio de 2019