Dilma Rousseff assina manifesto em defesa da Fórum e da liberdade de expressão

Tentativa de censura que Bolsonaro lançou contra a Fórum e o fotógrafo Lula Marques através de um processo é repudiada em nota pública que acaba de ser assinada pela ex-presidenta

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Alvo de uma tentativa de intimidação do presidente Jair Bolsonaro através de uma ação judicial, a Revista Fórum recebeu, nesta terça-feira (5), o apoio público da ex-presidenta Dilma Rousseff. A petista assinou um manifesto em defesa da liberdade de expressão lançado na semana passada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) que denuncia a censura velada que o capitão da reserva tenta impor à mídia alternativa. "Assinem o manifesto em defesa da Revista Fórum e da liberdade de expressão. A revista e o fotógrafo Lula Marques são alvos de Bolsonaro, que tenta impor censura, o que é inconstitucional", escreveu Dilma, com as hashtags #LiberdadeDeImprensa e #PressFreedomBrazil. Entenda No dia 18 de janeiro, a Fórum recebeu em sua sede um mandado de citação postal de um processo movido por Bolsonaro e por seu filho, o deputado federal, Eduardo Bolsonaro. A revista está sendo processada junto com o fotógrafo Luiz Araújo Marques, o Lula Marques. O motivo é a publicação de uma foto feita por ele e reproduzida pela revista de uma conversa do presidente com Eduardo, em que num dado momento o pai diz que não vai visitar o filho na Papuda. A ação tem por objetivo uma indenização por “uso abusivo de imagem e violação de privacidade e conduta difamatória”. “A ação movida contra a Revista Fórum e Lula Marques é, para além de uma clara tentativa de intimidação, não apenas um sintoma de incapacidade, por parte do presidente da República, de respeitar a liberdade de imprensa e de expressão, mas a sua sanha irrefreável de calar oponentes”, diz a nota pública que, além do apoio de Dilma, já conta com mais de 4 mil assinaturas. Confira, abaixo, a íntegra do manifesto. Para assinar, clique aqui. Um dos mais importantes meios de comunicação alternativos do país, a Revista Fórum está sendo processada pelo presidente da República Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP. O motivo da ação judicial é uma publicação da revista, de 2017, com uma fotografia produzida por Luiz Araujo Marques, o Lula Marques, expondo uma conversa comprometedora entre pai e filho por meio do Whatsapp, em plena Câmara dos Deputados, em Brasília. Segundo a revista Fórum, trata-se de clara tentativa de intimidação de seu trabalho e da imprensa como um todo. Pressionado pela avalanche de manchetes e reportagens sobre escândalos de corrupção envolvendo outro filho seu, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), além de sucessivas polêmicas e desentendimentos entre a base de seu governo, Jair Bolsonaro, ao atacar a Fórum e Lula Marques, expõe a sua intolerância à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa. Em jornalismo, é ponto pacífico que a privacidade deve ser preservada, mas deve ser relativizada quando o acontecimento diz respeito ao interesse público, à opinião pública e em casos relevantes para a vida política do país. Jair Bolsonaro, um político, homem público, conversava com seu filho, outro político e homem público, em um lugar também público: a Câmara dos Deputados. O assunto tratado também era de interesse público: a eleição da presidência da Câmara. Na ocasião, o filho faltou à votação. Segundo o pai, Eduardo estava viajando a passeio e o que estava fazendo poderia levá-lo à cadeia da Papuda, em Brasília. Esta é a revelação feita pela fotografia de Lula Marques. Ou seja, no caso escolhido por Bolsonaro para colocar em prática a chamada “judicialização da censura”, é a faceta pública da vida do capitão reformado e deputado por quase três décadas que prevalece, o que desmonta o seu argumento na ação judicial. Saudoso da ditadura militar, cujo expediente para os meios de comunicação era o da censura e da mordaça, Jair Bolsonaro e seu clã mostram extrema indisposição para conviver com a liberdade de expressão. Sem liberdade de expressão, não há democracia. Para quem se declara defensor da tortura e admirador de torturadores, talvez não seja problema. Para a sociedade brasileira e os signatários desta nota, trata-se de violação grave aos princípios que balizam uma sociedade democrática e o livre exercício do jornalismo. A intolerância em conviver com a divergência por parte do presidente, de seus filhos e das figuras políticas que os acompanham é gritante. O recado que fica é de que, se com Michel Temer os meios de comunicação que nadam contra a corrente de um sistema midiático dominado por um punhado de famílias já entraram na mira, com Bolsonaro a animosidade deve aumentar. A ação movida contra a Revista Fórum e Lula Marques é, para além de uma clara tentativa de intimidação, não apenas um sintoma de incapacidade, por parte do presidente da República, de respeitar a liberdade de imprensa e de expressão, mas a sua sanha irrefreável de calar oponentes. Assinam esta nota: Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé  Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e mais de 4 mil pessoas