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Falecido na manhã deste segunda-feira (11), aos 66 anos, após um trágico acidente de helicóptero em São Paulo, Ricardo Boechat, por inúmeras vezes, inverteu os papéis e, de jornalista, se tornou a própria notícia por suas falas consideradas ácidas e polêmicas.
Sem travas, Boechat tinha espaço, em todos os veículos que trabalhou, para emitir opiniões sobre os mais variados temas.
Em abril de 2016, após a votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, por exemplo, o jornalista não poupou palavras contra o discurso saudoso à ditadura e ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra feito pelo então deputado Jair Bolsonaro.
"Registre-se a infinita capacidade do deputado Jair Bolsonaro de atrair para si os holofotes falando barbaridades sucessivamente (...) Torturadores não têm ideologia. Torturadores não têm lado. Não são contra ou pró-impeachment. Torturadores são apenas torturadores. É o tipo humano mais baixo que a natureza pode conceber. São covardes, são assassinos e não mereceriam, em momento algum, serem citados como exemplo. Muito menos numa casa Legislativa que carrega o apelido de casa do povo", disse.
Em setembro do mesmo ano, quando o impeachment de Dilma foi confirmado pelo Senado, Boechat foi na direção oposta a de seus colegas da imprensa tradicional, que em maioria apoiavam a saída da ex-presidenta, e disparou: "É um dia que eu preferia que não existisse".
Antes disso, em 2015, o jornalista se envolveu em uma de suas maiores polêmicas. Ao vivo no rádio, Boechat respondeu às provocações de Silas Malafaia e sugeriu que o pastor fosse "procurar uma rola". "Ô, Malafaia, vai procurar uma rola, vai. Não me enche o saco. Você é um idiota, um paspalhão, um pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia. E agora vai querer me processar pelo que eu acabei de falar, porque é isso que você faz. Você gosta muito de palanque, e eu não vou te dar palanque porque você é um otário".
A fala contra Malafaia, conhecido por seus posicionamentos homofóbicos, rendeu a Boechat até mesmo a simpatia do movimento LGBT e uma homenagem na Parada Gay de Brasília daquele ano.
Relembre, abaixo, outras declarações marcantes do jornalista.
“Kim Kataguiri resolveu virar o nosso Hitler, ofendendo pessoas que vão a exposição de arte, das quais ele não gosta". Fala foi proferida em março de 2018. Na ocasião, Boechat comentava a tentativa de censura do MBL ao Queermuseu, em Porto Alegre. Relembre aqui.
"Se eu mandasse o Marcola no Jaburu, o senhor receberia? Essa de posar de vampiro puro, que só toma sangue não contaminado, não cola, Temer". Em junho de 2016, Boechat criticou o fato do ex-presidente Michel Temer ter recebido para uma visita o ex-deputado, que atualmente está preso, Eduardo Cunha. Relembre aqui.
"É uma imagem melancólica e humilhante para o cidadão brasileiro ver tantas figuras com tantos crimes nas costas reunidas ali, sem que a polícia comparecesse para fazer a sua parte". Na ocasião, em março de 2016, Boechat lamentava o rompimento do PMDB com o governo de Dilma Rousseff. Relembre aqui.
“Aécio, quando é sua vez, você cala a boca”. Boechat, em março de 2016, criticou o silêncio de Aécio Neves sobre delações em que era citado. Relembre aqui.
“Em concurso de cérebros, pitbull vence o governador”. A fala era uma crítica ao ex-governador do Paraná, Beto Richa, feita em abril de 2015. Relembre aqui.
"Choro de derrotado". Foi assim que Boechat se referiu às movimentações de Aécio Neves contra o resultado das eleições de 2014 que Dilma saiu vitoriosa. Relembre aqui.