Em duro editorial, O Globo afirma que Bolsonaro não comunga dos valores democráticos mais básicos
O jornal só esquece de dizer que durante o processo eleitoral fez vista grossa a essa característica porque precisava de alguém para manter o golpe de 2016
Linha auxiliar de Sergio Moro no processo que levou ao golpe parlamentar e tirou Lula das eleições presidenciais em 2018, o Grupo Globo, em editorial nesta quarta-feira (5) no jornal O Globo, criticou duramente a postura de Jair Bolsonaro após o presidente decretar guerra à família Marinho pela reportagem que o liga ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes.
"O presidente Jair Bolsonaro não tem apreço pela imprensa independente e profissional. Não tinha durante a campanha e continuou sem ter desde o primeiro dia no cargo", afirma o texto, sem citar, no entanto, que o grupo Globo fez vista grossa a essa característica com o único intuito de negar a Lula o direito de ser candidato nas eleições de 2018, apresentando o "capitão" como uma alternativa "democrática" ao golpe.
O editorial diz ainda que Bolsonaro quer "apenas uma imprensa que o bajule e que não busque noticiar os fatos como eles são, mas como ele gostaria que fossem" e se defende das palavras do presidente, que em live após a divulgação da notícia no Jornal Nacional, xingou os jornalistas e os donos da emissora.
"Chamá-los de patifes, canalhas e porcos não diz nada deles, mas muito dos valores de quem profere insultos tão indignos. É preciso repudiar tal atitude do presidente da forma mais veemente possível e denunciá-la como a de um homem que, hoje não se tem mais ilusões, não comunga dos valores democráticos mais básicos", afirma, ressaltando que são 94 anos - em referência ao jornal impresso - de jornalismo e que "o tempo dirá o lugar que o presidente reservará para si".
Leia o editorial d'O Globo na íntegra