Em livro, linguista denuncia manipulação midiática de jornais nas eleições de 2014

No livro, escrito em linguagem informal, a linguista Letícia Sallorenzo analisa 340 manchetes de jornais internas e de capa, publicadas pelos jornais O Globo e Folha de S. Paulo entre 6 e 31/10 de 2014

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O segundo turno das eleições de 2014 foi marcado por manipulação midiática através das manchetes de jornais. Essa é a conclusão do livro 'Gramática da Manipulação", publicado pela jornalista e mestre em Linguística pela Universidade de Brasília, Letícia Sallorenzo. Resultado do trabalho de mestrado da autora no Instituto de Letras da UnB, o livro tem lançamento marcado para o dia 25 de setembro na livraria Carpe Diem, na capital federal. Letícia revela que a ideia inicial era analisar as manchetes dos jornais Folha de S. Paulo e o Globo durante os oito anos do governo Lula. "Meu orientador me convenceu a abandonar a graduação em Letras e partir para uma análise em âmbito de pós-graduação. Mas analisar oito anos de manchetes seria algo extenso demais e eu decidi fechar o escopo". No livro, escrito em linguagem informal, Letícia analisa 340 manchetes de jornal internas e de capa, publicadas pelos jornais O Globo e Folha de S. Paulo entre 6 e 31/10 de 2014. A autora explica as diferenças entre sintaxe, semântica e pragmática, e como as informações linguísticas são organizadas no cérebro, no que ela identifica como processo de categorização. "Percebi que as manchetes tinham estruturas complexas, muitas vezes com frases adversativas - sempre havia algo negativo na segunda parte da manchete quando a notícia era sobre Dilma Rousseff. No caso de Aécio Neves, as frases eram diretas e, em sua maioria, positivas", explica Letícia. Outro aspecto analisado na obra é sobre quais atores políticos acionavam determinados verbos. A autora cita o verbo atacar como exemplo. "Esse era um verbo quase sempre associado ao PT - PT ataca Senado", cita a linguista. "Desse modo, o partido fica associado pelo leitor a uma postura belicosa", complementa a autora. A despeito da manipulação linguística para apresentar Dilma com viés negativo e Aécio em tom positivo, a petista prevaleceu nas urnas em 26/10/2014. Para a autora, isso aconteceu porque "cada vez menos gente lê jornal". De acordo com Letícia, os leitores percebem esse tipo de manipulação. Na opinião da acadêmica, isso corrói o maior ativo dos jornais - a credibilidade. "As pessoas percebem que as manchetes eram manipuladas, a vida piorou depois da queda de Dilma, fazendo com que esse discurso midiático fosse por água abaixo". Serviço: Lançamento: 25/09 às 18:30 Onde: Carpe Diem da 104 Sul, em Brasília Onde comprar: loja.quintaledicoes.com.br