Escrito en
MÍDIA
el
Para o filósofo, linguista e ativista estadunidense, Noam Chomsky, a imprensa em seu país não tem a mesma liberdade que os veículos de comunicação dos países da América Latina.
Em encontro com blogueiros e jornalistas da mídia alternativa na noite desta segunda-feira (17), em São Paulo, o professor avaliou que se a imprensa estadunidense atuasse tal como atua a imprensa tradicional latino-americana contra governos de esquerda e centro-esquerda, os editores dos jornais, "com sorte", seriam presos.
"É inimaginável que haja um golpe de Estado em curso nos EUA e um grande meio de comunicação o apoie sem consequências graves", disse.
De acordo com Chomsky, os governos progressistas da América Latina na última década tiveram uma postura de abertura com relação à imprensa, mesmo com esses veículos de comunicação fazendo oposição sistemática a esses governos. "Nos ditos países livres, isso jamais aconteceria".
O filósofo fez ainda uma análise sobre o fato de a população dos Estados Unidos já estar condicionada a suprimir suas próprias opiniões divergentes ao sistema . Para Chomsky, pessoas que tiveram uma "boa educação" não só sabem como "há certas coisas que é melhor serem não ditas" como também foram "doutrinadas" para não se deixar sequer pensar nas opiniões divergentes. "É o senso comum internalizado", completou.
Como exemplo, Chomsky citou o caso de um levantameto feito em 2013 pelo Gallup, um dos maiores institutos de pesquisa do mundo, sobre qual era o pais mais "ameaçador" ao planeta. "Nos EUA as principais respostas foram Rússia, Coreia do Norte e Irã. E no resto do mundo eu não precisaria nem dizer a resposta: Estados Unidos. Essa pesquisa nunca foi publicada lá e depois disso a agência nunca mais fez essa pergunta".
Lula
O linguista também falou, na coletiva, sobre o protagonismo assumido pelo Brasil quando o país era governado por Lula, que está preso desde abril e Curitiba. Para Chomsky, o chamado "colosso do sul" pode se tornar realidade mais uma vez.
"O Brasil sempre foi visto como o colosso do sul. E o país, com Lula, se tornou um dos mais países mais respeitados do mundo. Organizou o sul do mundo com protagonismo, de forma inédita. É algo que pode acontecer novamente", arriscou.
Lula foi impedido pela justiça eleitoral de se candidatar à presidência na eleição deste ano através de uma decisão que ignorou a determinação do Conselho de Direitos Humanos da ONU. De acordo com o professor, as deliberações do órgão, no entanto, têm efeito limitado.
"A Comissão de Direitos Humanos da ONU defende o direito de Lula ser candidato, mas não podemos pensar a ONU como uma força independente. Ela depende que os países e os poderes cumpram suas determinações. Os EUA, por exemplo, não têm a tradição de respeitá-las", disse.
Assista a íntegra da entrevista aqui.