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O empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, ganhou do SBT um espaço de mais de meia hora em rede nacional, na tarde deste domingo (9), para desferir ataques contra pessoas que pensam de maneira diferente à sua e fazer palanque para o presidente eleito Jair Bolsonaro.
Ele participou do "Programa Raul Gil" e, após uma série de afagos e homenagens do apresentador, começou a expor suas opiniões no quadro "Para quem você tira o chapéu". Na "brincadeira", nomes de personalidades são escritos dentro de chapéus e o convidado diz se "tira" ou não o chapéu para aquela pessoa - isto é, se gosta, concorda ou tem algum desafeto com a pessoa em questão.
Depois de inúmeros elogios e propagandas eleitorais fora de época para Jair Bolsonaro e Sérgio Moro, o dono da Havan destilou uma série de ataques infundados e gratuitos a algumas pessoas estrategicamente escolhidas pela produção. Entre elas estavam o ex-presidente Lula, a apresentadora Fernanda Lima e o jornalista de direitos humanos Leonardo Sakamoto.
Com uma foto de Sakamoto rodeado por chamas projetada em um telão ao fundo, Hang esbravejou contra o jornalista, que foi o primeiro a noticiar, em novembro, que o Ministério Público do Trabalho (MPT) estava processando o empresário por coagir seus funcionários a votarem em Bolsonaro.
"Ele trabalha para a Folha de S.Paulo. Ele deve ser socialista, comunista", disse Hang. Sakamoto, no entanto, não trabalha para a Folha, mas sim para o UOL. Ele ainda é professor de jornalismo, uma das maiores referências em jornalismo de direitos humanos e denúncias de trabalho escravo e diretor da ONG Repórter Brasil.
Luciano Hang prosseguiu com suas críticas infundadas. "Quanto mais lê o Sakamoto, mais burro fica. Foi dele o furo de reportagem… Porque é de esquerda. Quer calar quem fala a verdade. Sakamoto, Folha de S.Paulo, fake news", disparou.
"Daí você vê seu rosto ardendo em chamas no SBT enquanto Luciano Hang, dono das lojas Havan, descarrega impropérios para explicar por que não tira o chapéu para você, no Programa Raul Gil", escreveu Sakamoto em uma postagem feita nesta segunda-feira (10) no Facebook.
Ao jornalista Maurício Stycer, Sakamoto alertou: ""O problema desse tipo de ataque é que ele empodera pessoas comuns a atacarem jornalistas, nas redes e nas ruas. Isso é um perigo para a liberdade de expressão e para a democracia".
Nas redes sociais, internautas já sugerem que o jornalista peça direito de resposta ao SBT.