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A diferença entre o que é ou não uma publicação séria ficou muito clara: enquanto a Istoé elege como "brasileiros do ano" somente homens brancos, entre eles Moro e Huck, a norte-americana Time alça as mulheres que quebraram o silêncio contra o assédio como as personalidades de 2017
Por Redação
A qualidade da imprensa tradicional brasileira fica cada vez mais em xeque quando comparada com publicações sérias estrangeiras. Um exemplo muito claro dessa diferença pode ser constatado nesta quarta-feira (6), dia em que a revista Time divulgou sua capa de final de ano com o já tradicional ranking das "pessoas do ano". Em 2017, para a revista, as grandes personalidades foram as mulheres que denunciaram o assédio.
A capa "The Silence Breakers" faz referência ao movimento das mulheres que denunciaram o assédio sexual 2017 conhecido como #MeToo. Dezenas de mulheres denunciaram, ao longo do ano, as agressões sexuais cometidas pelo megaprodutor hollywoodiano Harvey Weinstein. A partir daí, a hashtag abriu espaço para que mais e mais mulheres denunciassem abusos.
"Esta é a mudança social mais rápida que vimos em décadas e começou com atos individuais de coragem por centenas de mulheres – e também alguns homens – que se apresentaram para contar suas próprias histórias", afirmou o editor-chefe da revista, Edward Felsenthal, ao "Today show", do canal NBC.
A divulgação da capa da Time vem exatamente uma semana após a revista brasileira 'Istoé' publicar a sua versão dos "brasileiros do ano". A maioria dos homenageados foram homens brancos e o título, pelo segundo ano consecutivo, foi entregue ao juiz de Curitiba, Sérgio Moro. Além de Moro, foram considerados "brasileiros do ano" figuras de conduta questionável como ACM Neto e Henrique Meirelles, além do apresentador de televisão da emissora que mais sonega impostos no país, Luciano Huck.