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Wadih Damous, deputado federal pelo PT e ex-presidente da OAB-RJ, explicou como a lei pode punir a Globo se for comprovado que a emissora pagou propina por direitos de transmissão de futebol
Por Brasil 247
O deputado Wadih Damous (PT-RJ), que já presidiu a seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, ficou estarrecido com o segundo depoimento do delator Alejandro Burzaco, que acusou a Globo de se envolver num esquema para o pagamento de propinas de US$ 15 milhões – o equivalente a R$ 50 milhões – para garantir direitos de transmissão exclusivo das Copas de 2026 e 2030 (leia mais aqui).
– O delator argentino é muito melhor do que os brasileiros que têm aparecido na Lava Jato. Ele falou e trouxe elementos que comprovam o que disse – aponta o deputado.
Segundo Burzaco, que comandava a empresa Torneos y Competencias, ele foi orientado pela Globo a abrir uma subsidiária na Holanda. Em seguida, teria recebido recursos de uma empresa da família Marinho para pagar propina ao ex-dirigente argentino Julio Grondona, já falecido, numa conta suíça secreta no banco Julius Baer.
– A Justiça agora só não rastreia a origem e o destino da propina se não quiser – diz Damous.
O deputado vai além e afirma que há elementos até para se propor a cassação da concessão da Rede Globo de Televisão. Isso porque o artigo 53 da Lei 4.117, que trata do setor, estabelece que "constitui abuso, no exercício de liberdade da radiodifusão, o emprego desse meio de comunicação para a prática de crime ou contravenção". Ou seja: se for confirmada a prática de crime, a empresa pode perder a concessão.
Damous diz ainda que o episódio demonstra que a Operação Lava Jato passa longe da grande corrupção – ou daquilo que o deputado chama de "Roubo com R maiúsculo". E não o faz, segundo ele, de forma deliberada.
Ele afirma ainda que, ao corromper cartolas para se tornar monopolista no futebol, a Globo agride a democracia no Brasil, uma vez que amplia sua audiência, sua influência e seu poder de manipulação.
Em nota, a Globo negou o pagamento de propinas e disse que, após realizar uma investigação interna, a emissora concluiu pela própria inocência.