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Fórum fura a bolha dos barões da mídia e aparece como um dos maiores sites noticiosos do país
Por Redação
Foi divulgado nesta terça-feira (31) o Monitoramento da Propriedade da Mídia (Media Ownership Monitor/MOM), projeto global da Repórteres sem Fronteiras realizado no Brasil pelo Intervozes. Através de dados de audiência disponíveis em medidores como o Alexa e o ComScore, pesquisa elencou e mapeou os 50 maiores veículos de mídia impressa, rádio, televisão e internet do país, cruzando dados de seus grupos proprietários, financiadores, que outros negócios possuem e suas relações políticas.
O resultado é preocupante. O projeto já foi aplicado em 10 países, como Peru, Sérvia, Gana e Turquia. O Brasil, de acordo com os organizadores do estudo, é o que mais apresenta concentração de mídia e é onde há mais risco à pluralidade de informações.
"O país recebeu a pior nota em quase todos os indicadores, nos quais o estudo se baseia para medir os riscos para a pluralidade da mídia, avaliando itens que vão desde concentração de propriedades e de audiência, passando por regulamentação sobre propriedade de mídias, até o nível de transparência sobre o controle das empresas. Apenas um dos indicadores brasileiros não foi considerado como “de alto risco para a pluralidade da mídia", diz um trecho do estudo.
Para se ter uma ideia, no caso da TV, o estudo mostra algo que já era sabido por quem trabalha com comunicação: A Globo concentra 43,86% do share de audiência, e os quatro primeiros grupos mais de 70%. A questão aí é que, além de concentrar audiência na TV, o grupo que detém a Globo é o dono de inúmeros outros jornais impressos, revistas, emissoras de rádio e portais de internet que também abocanham boa parte da audiência.
"No segmento de televisão, mais de 70% da audiência nacional é concentrada em quatro grandes redes, das quais uma detém mais da metade da audiência: a Rede Globo. Essas grandes redes nacionais ampliam ainda mais seu poder sobre a informação, destaca o MOM, através do domínio adicional de múltiplos segmentos. Grandes redes nacionais de TV aberta pertencem a grupos que também controlam emissoras de rádio, portais de internet, revistas e jornais impressos, segundo o estudo", diz outro trecho do relatório do projeto.
Outra análise interessante do estudo é a que diz respeito a outros negócios dos donos da mídia. Agronegócio, mercado financeiro e imobiliário são alguns dos setores de atuação de boa parte desses grupos que detém a concentração midiática. Dos 26 grupos controladores dos 50 veículos mapeados, 21 possuem negócios em outros setores da economia. Destes 21, sete têm em outras atividades seu negócio principal.
Fórum fura a bolha dos barões da mídia
O estudo ainda mostra que, mesmo diante da alta concentração da mídia no Brasil e a falta de pluralidade, a internet possibilitou que, ao menos no meio digital, possam existir iniciativas que venham a furar essa bolha. É o caso da Revista Fórum.
Fórum, que já teve por mais de uma década a versão impressa e hoje conta apenas com a versão online, é o único veículo de mídia alternativa da lista da mídia online e que não é controlado por nenhum grande grupo.
Mesmo diante dessa disparidade, a revista nascida no primeiro Fórum Social Mundial consta como um dos maiores veículos noticiosos online do país. Com base nos medidores de audiência, Fórum aparece como um dos veículos mais lidos na internet e um dos mais compartilhados no Facebook, ficando na frente de veículos globais como a BBC Brasil ou o R7, parte de um grande conglomerado, ou ainda chegando perto dos compartilhamentos do Estado de S. Paulo, um dos maiores jornais do país, conforme mostra a tabela abaixo.
Acesse a íntegra do estudo aqui.