A trajetória do Papa Francisco, que faleceu na madrugada desta segunda-feira (21), no Vaticano, aos 88 anos, será lembrada não apenas por seu carisma e reformas internas, mas também por sua firme atuação em defesa do meio ambiente.
Ao longo dos 12 anos à frente da Igreja Católica, o pontífice argentino fez do combate à crise climática uma de suas bandeiras centrais, produzindo importantes documentos e articulando ações em nível internacional.
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Um dos marcos dessa atuação foi a publicação da encíclica Laudato Si, em junho de 2015. Lançado pouco antes da Conferência do Clima de Paris (COP 21), o texto conclama os católicos e toda a humanidade a cuidarem da “Casa Comum”, reconhecendo a mudança climática como um desafio ético que ameaça os mais vulneráveis.
Ainda naquele ano, em visita ao Quênia, Francisco apelou diretamente aos líderes mundiais reunidos para a COP 21, pedindo um pacto climático ambicioso. Ele destacou a necessidade de abandonar práticas predatórias e investir em fontes de energia limpas e sustentáveis.
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Em 2018, dirigindo-se a executivos do setor de petróleo e gás, o Papa afirmou que, embora a energia seja essencial ao progresso, ela não pode comprometer a sobrevivência da civilização. A crítica à “cultura do descarte” reapareceu em diversas falas e ações do pontífice.
Francisco também instituiu o Tempo da Criação como um período anual de reflexão e oração dedicado ao meio ambiente, e reforçou o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. No Sínodo da Amazônia, em 2019, destacou a importância da “ecologia integral” e acolheu amplamente a participação de lideranças indígenas.
A crise ambiental também foi tema de iniciativas audiovisuais e científicas. Em 2020, o Papa participou de uma TED Talk sobre a urgência de agir contra as mudanças climáticas. No ano seguinte, reuniu-se com cientistas para discutir os impactos da degradação ambiental, sobretudo sobre povos originários.
Já em 2022, protagonizou o documentário A Carta, em que dialoga com pessoas diretamente afetadas pela crise climática. O lançamento coincidiu com a entrada oficial da Santa Sé no Acordo de Paris.
Por fim, em 2023, Francisco publicou a encíclica Laudate Deum, uma continuação da Laudato Si. No documento, ele alerta para a intensificação da crise climática e liga seus efeitos ao agravamento das desigualdades sociais, convocando todos à responsabilidade coletiva e urgente.
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