O governador Helder Barbalho (MDB) entregou nessa segunda-feira (31/3), em Belém (PA), o primeiro trecho da Nova Doca, uma das obras de preparação da cidade para a COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que acontece no mês de novembro. Essa obra consiste na construção de um parque linear ao longo do canal da avenida Visconde de Souza Franco, conhecida como Doca, em parceria com o governo federal.
“Iniciamos a fase de entregas da obra da Nova Doca. A intenção é que possamos criar um circuito de entrega por etapa. Daqui a 20 ou 25 dias, entregaremos o próximo quarteirão, até a rua Municipalidade. E, a cada 20 dias, mais um quarteirão, até chegar ao final" explicou Helder, ao lado da vice-governadora, Hana Ghassan, que é a coordenadora do Comitê Estadual da COP30, e do prefeito de Belém, Igor Normando.
“O espaço não está totalmente concluído, mas nosso objetivo neste momento é facilitar o trânsito, porque nós sabemos que essas obras todas acabam trazendo dificuldades e inconveniências, mas elas são necessárias para que possamos fazer as transformações necessárias na cidade”, completou.
Esse primeiro trecho fica na quadra mais próxima à baía do Guajará, que banha a cidade, e ao lado do Parque Porto Futuro. Várias soluções ecológicas e sustentáveis, em consonância com o evento da ONU, foram implantadas nessa etapa e serão utilizadas em toda a extensão do novo parque urbano da capital paraense.
O canal conta agora com “wetlands”, também conhecidas como jardins filtrantes, que são ilhas flutuantes com plantas fitorremediadoras, que filtram naturalmente os efluentes. “As ilhas são feitas com flutuadores plásticos de alta densidade e uma base de fibra de coco, em que as raízes das plantas absorvem a matéria orgânica da água, criando um ecossistema novo”, explica Fernando Santiago Miranda, gerente de engenharia do projeto.
Outra característica do parque é o uso da grama-amendoim, que contribui para um paisagismo sustentável. A leguminosa fixa o nitrogênio no solo, melhorando a fertilidade e reduzindo a necessidade de adubação química. Além disso, ela necessita pouca irrigação e possui flores amarelas que atraem abelhas e outros polinizadores, contribuindo para a biodiversidade.
Já as biovaletas, preenchidas com vegetação, solo e elementos filtrantes, tratam o escoamento de águas pluviais, evitando alagamentos e entupimento de valas e bueiros, um problema comum em Belém, a capital brasileira com maior índice pluviométrico.
Além disso, no canal, foram instaladas seis novas comportas, com o objetivo de evitar inundações nos períodos de maré alta. “É uma parte importante da obra e traz benefícios para quem mora, trabalha ou transita no entorno. Quando a maré da baía começa a subir, as comportas se fecham, impedindo que essa água em excesso entre no canal, evitando os alagamentos”, explica o engenheiro civil Ruy Cabral, titular da Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop), em texto da Agência Pará.
Além de árvores adultas transplantadas para o local, o novo parque também conta com estruturas feitas de vergalhões reaproveitados, que servem de suporte para plantas trepadeiras, com o objetivo de proporcionar sombra em áreas onde, segundo a Seop, não há solo disponível para plantio.
Esse primeiro trecho da Nova Doca também possui uma passarela sobre o canal, com mirante e arquibancada, e contará com fontes dançantes e interativas, que ainda não estão em funcionamento, ao lado de uma área para eventos e atividades culturais. O parque também terá uma ciclovia em toda a sua extensão e sistema de energia limpa.
A obra inclui ainda a coleta adequada e o tratamento do esgoto sanitário dos imóveis localizados no entorno do canal, evitando o despejo de maneira irregular, melhorando a qualidade da água.
Além disso, serão pavimentados mais de 2,4 km da avenida e construídos sistemas de drenagem profunda e superficial, para receber a água das chuvas, e tubulação de água potável.