Com a aproximação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30) em Belém, capital do Pará, em novembro de 2025, o Observatório Socioambiental Terra Puri denuncia as emissões de gases tóxicos e até cancerígenos pela Usina Termelétrica Marlim Azul, operada pela Arke Energia, localizada em Macaé, no Rio de Janeiro.
A organização afirma que a expansão da indústria de petróleo e gás no Norte Fluminense, particularmente em Macaé, trouxe à tona sérios riscos ambientais e de saúde relacionados às emissões de metano e outros compostos voláteis. O observatório diz que a empresa Arke Energia tem sido alvo de críticas pela falta de transparência quanto às suas emissões.
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Apesar de a empresa declarar que a fumaça liberada pela chaminé é apenas vapor d’água, uma investigação da Earthworks - organização internacional dedicada à defesa do meio ambiente - usou câmeras infravermelhas para monitorar as emissões da usina em novembro de 2023 e constatou níveis alarmantes de emissão de gases poluentes. Segundo os resultados, foram detectadas emissões invisíveis de metano, gás 80 vezes mais poluente que o dióxido de carbono.
A investigação apontou que, além do metano, que contribui para o aquecimento global, outros compostos voláteis, como o benzeno (cancerígeno), são liberados durante a operação das usinas, impactando a saúde da população local e o meio ambiente. A formação de ozônio troposférico, poluente perigoso à saúde, também é intensificada por essas emissões.
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"Macaé já enfrenta altos níveis de ozônio, acima dos limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e a expansão da atividade industrial pode agravar ainda mais essa situação", afirma o Observatório.
Impacto da água
A organização ainda destaca outro aspecto alarmante: o impacto da água utilizada nas usinas. "O processo de purificação da água do Rio Macaé não garante que ela seja livre de contaminantes após ser utilizada na geração de energia. A água aquecida e potencialmente contaminada é devolvida ao rio, representando um risco significativo à saúde das comunidades locais", denuncia.
O Observatório também levanta questões que foram apresentadas pela Earthworks e que permanecem sem resposta: por que as emissões de metano e compostos voláteis não são monitoradas de maneira eficaz? Quais são as implicações do uso de grandes quantidades de água nas usinas para o abastecimento da população de Macaé? O Rio Macaé, já afetado por sérios problemas de escassez hídrica, pode enfrentar uma crise ainda maior com o aumento da demanda de água pelas usinas?
"É fundamental que as autoridades e a sociedade civil se mobilizem para exigir uma regulamentação mais rigorosa das emissões de metano e outros poluentes, bem como maior transparência das empresas sobre os processos de produção e tratamento da água. O metano pode ser um inimigo invisível, mas seus impactos são devastadores para o clima, a saúde e as comunidades", conclui a organização.
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