Cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e da Universidade da Islândia apontam que o derretimento acelerado das calotas de gelo polares pode estar relacionado a um aumento de atividades vulcânicas nos próximos anos.
Carolina Pagli (Universidade de Leeds) e Freysteinn Sigmundsson (Universidade da Islândia), ouvidos pela revista New Scientist, calcularam os efeitos que o derretimento das geleiras tem na crosta terrestre e no magma abaixo da sua superfície, e o resultado não foi bom: de acordo com eles, o gelo que desaparece tende a "liberar a pressão" exercida em rochas abaixo da camada congelada, e, a cada 1,4 km³ deixados pelo derretimento (quantidade já estimada desde 1890), há um aumento de até 10% da formação de magma.
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Essa situação é especialmente preocupante para aqueles lugares com atividade vulcânica prévia, como é o caso da Islândia, de regiões da Antártida e do Alasca.
"À medida que a quantidade de peso na crosta [da Terra] muda", dizem os cientistas, "as tensões geológicas aumentam a probabilidade de erupções". Isso ocorre porque, sob o peso do gelo, a crosta é "pressionada"; e, à medida que esse peso desaparece, ela expande, explica Bill McGuire, especialista do College London também ouvido pela revista.
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Além do derretimento do gelo, o aumento no nível do mar, uma outra consequência do aquecimento global, também pode influenciar nas atividades vulcânicas.
Ele causa uma pressão sobre as placas tectônicas, que pode influenciar atividades sísmicas e facilitar o movimento do magma até a superfície; em áreas próximas a vulcões, ademais, pode pressionar as rochas subterrâneas da crosta terrestre e alterar o comportamento das erupções, acelerando a erosão ao remover camadas de rochas "protetivas" (ou mesmo causar erupções submarinas).
A ocorrência das "erupções subglaciais", isto é, erupções que se dão sob a camada de gelo, não costuma ser visível ou problemática, mas o derretimento das calotas deve mudar essa situação.
De acordo com um estudo publicado na revista científica Geochemistry, Geophysics, Geosystems, que realizou quatro mil simulações computacionais em estudo sobre os movimentos de vulcões da Antártida, a perda gradual da camada de gelo aumenta a frequência e a intensidade das erupções subglaciais.
E, embora esse seja um processo lento, que pode durar centenas de anos, as erupções na camada submersa da Antártida têm acelerado mais ainda o derretimento do gelo, num movimento que pode colaborar para um processo mais rápido de deterioração.