O Brasil recebeu, na tarde desta terça-feira, 41 ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii), como parte de um projeto de conservação e repatriação da espécie, uma das mais ameaçadas de extinção no país — e extinta da natureza desde 2000.
Do grego "kuanos", que significa azul-ciano, e do latim "psitta" ('papagaio'), a ararinha-azul, também chamada arara-azul-de-spix, é endêmica do Brasil, especificamente do bioma da Caatinga, e está em sério risco de desaparecimento devido à deterioração do bioma natural e às atividades de tráfico ilegal de animais (praticado por colecionadores e criadores, e em grande parte voltado a compradores internacionais).
Entre 2000 e 2001, a população da ararinha-azul do Brasil havia sido reduzida a um só indivíduo na natureza, que desapareceu. Até janeiro de 2022, havia apenas 240 desses indivíduos criados em cativeiro, e a espécie, que figurava na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), fora declarada oficialmente extinta na natureza pelo governo brasileiro.
Desde então, o governo brasileiro iniciou projetos para a reincorporação da espécie, mediados pelo Plano de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Em 2020, de acordo com o governo federal, 52 indivíduos dessa espécie foram repatriados da Alemanha ao Brasil, partindo do criadouro ACTP (Associação para a conservação de papagaios ameaçados, em tradução livre) e incorporados a uma área natural protegida em Curaçá, no norte da Bahia.
Agora, cinco anos depois, mais 41 ararinhas-azuis chegam novamente ao Brasil, também vindas da Alemanha.
Em 2022, após a primeira incorporação da espécie, 20 ararinhas chegaram a ser soltas de volta na natureza, mas algumas foram capturadas por seus predadores naturais, e desde então não houve mais tentativas de reintrodução.
Hoje, os espécimes de ararinha-azul mantidos em cativeiro ao redor do mundo devem estar em instituições partes do Programa de Manejo Populacional da Ararinha-Azul, uma iniciativa do estado brasileiro para garantir sua conservação em habitat natural.
"A reintrodução das ararinhas-azuis na natureza é um passo crucial, mas ainda há muitos desafios pela frente", afirma o Ibama. "A restauração do habitat, o monitoramento contínuo das aves reintroduzidas e a participação das comunidades locais são essenciais para garantir que a espécie não desapareça novamente".