Crise climática ameaça cortar 50% do PIB global nas próximas décadas, diz relatório

Divulgação do estudo ocorre após temperatura global anual ultrapassar, pela primeira vez, o limite de 1,5 °C estabelecido no Acordo de Paris

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A economia mundial pode sofrer uma queda de até 50% em seu PIB entre os anos de 2070 e 2090 devido aos impactos devastadores das mudanças climáticas, caso não sejam tomadas ações imediatas para promover a descarbonização e a recuperação ambiental. A conclusão alarmante foi apresentada em um relatório do Institute and Faculty of Actuaries (IFoA), em parceria com cientistas da University of Exeter.

O estudo destaca que eventos climáticos extremos, como incêndios florestais, inundações, secas e aumento das temperaturas globais, somados ao colapso de ecossistemas naturais, representam uma ameaça substancial à estabilidade econômica e social. 

O relatório foi divulgado após dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia, confirmarem que a temperatura global anual ultrapassou, pela primeira vez, o limite de 1,5 °C estabelecido no Acordo de Paris, acentuando a frequência de eventos climáticos extremos.

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Sem iniciativas urgentes para reduzir as emissões de carbono, capturar gases já acumulados na atmosfera e restaurar os ecossistemas naturais, o pior cenário prevê perdas econômicas significativas até o final deste século. 

Segundo o IFoA, o aquecimento global de 3°C ou mais até 2050 poderá desencadear consequências catastróficas, como mais de 4 bilhões de mortes, instabilidade política global, colapso de estados e eventos de extinção em larga escala.

Sandy Trust, principal autor do estudo, alertou para a ausência de estratégias realistas capazes de prevenir esses desdobramentos. Ele também criticou as projeções econômicas que minimizam os danos do aquecimento global, sugerindo que o impacto seria de apenas 2% do PIB global para um aumento de 3°C na temperatura média da Terra.

Essas estimativas, segundo Trust, estão falhando ao desconsiderar riscos críticos, como pontos de inflexão climática, aumento das temperaturas oceânicas e seus efeitos indiretos, incluindo migrações em massa e conflitos.

As ferramentas usadas por governos e instituições financeiras para avaliar os impactos econômicos das mudanças climáticas também foram apontadas como inadequadas. O relatório afirma que esses métodos ignoram os riscos de "ruína planetária" – uma situação em que a degradação ambiental seria tão grave que a Terra não poderia mais fornecer os recursos essenciais para sustentar a sociedade e a economia.

“A existência de uma economia depende da estabilidade da sociedade, que, por sua vez, precisa de um ambiente habitável”, reforçou Trust. Ele destacou que os recursos naturais – como água, ar, alimentos e energia – são fundamentais para a sobrevivência humana e a continuidade das atividades econômicas. 


*Com informações de The Guardian 

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