As cidades brasileiras estão se expandindo cada vez mais para áreas de risco, como encostas e áreas sujeitas a deslizamentos, segundo um novo estudo conduzido pelo MapBiomas, instituição responsável por mapear e analisar a cobertura e o uso da terra no Brasil.
Quase 4 milhões de brasileiros vivem em áreas de altíssimo risco de deslizamentos e inundações, segundo dados do Serviço Geológico do Brasil. Mais de 13 mil localidades estão em situação crítica, com destaque para Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Bahia e São Paulo.
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O Sudeste concentra quase metade das áreas de risco do país. A ocupação de áreas geologicamente instáveis, como encostas e áreas próximas a rios, é um dos principais fatores para essa situação.
Entre 1985 e 2023, as cidades do Rio de Janeiro (+811 ha), São Paulo (+820 ha), Belo Horizonte (+532 ha), Salvador (+397 ha) e Maceió (+180 ha) lideraram o crescimento de áreas urbanas em encostas. Juntas, essas capitais expandiram suas áreas urbanizadas em declividades em 3,3 mil hectares.
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Além disso, Rio de Janeiro (2.695 ha), São Paulo (1.525 ha), Belo Horizonte (1.343 ha), Salvador (739 ha) e Florianópolis (331 ha) são as cidades com as maiores extensões urbanas em terrenos com inclinação superior a 30%.
Ainda nesse intervalo de quase 40 anos, a cada quatro hectares de expansão urbana no Brasil, um hectare foi ocupado em áreas localizadas a menos de três metros de rios ou córregos, tornando-as altamente vulneráveis a inundações. No total, foram 648 mil hectares, representando mais de 25% do crescimento urbano total nesse período.
Em 2023, essa ocupação atingiu 1,14 milhão de hectares, correspondendo a 26,6% do total de áreas urbanas do país. Mais da metade desse crescimento ocorreu nos últimos 38 anos. A ocupação de áreas próximas a cursos d'água aumenta significativamente os riscos de desastres, como os ocorridos no Rio Grande do Sul em abril e maio de 2024.
Segundo Julio Pedrassoli, da equipe de mapeamento de áreas urbanas do MapBiomas, o mapeamento dessas áreas “é muito importante para gestores públicos, principalmente agora, às vésperas da estação chuvosa em todo o Brasil, para que medidas preventivas sejam planejadas e direcionadas para as regiões mais vulneráveis”, disse.