De Baku, Azerbaijão -- O ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, disse hoje à Fórum que o presidente Donald Trump não terá força política para barrar o movimento mundial para enfrentar a emergência climática, que hoje envolve centenas de milhares de pessoas em todo o planeta.
Teixeira participou de um debate sobre "o futuro do agro" no estande brasileiro da COP29.
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Ele prevê que Trump eventualmente enfrentará oposição dentro dos Estados Unidos, onde há um vibrante movimento ambientalista.
Os números dão razão a Teixeira: 83.884 pessoas participaram da COP28 no Catar; por questões logísticas, o número no Azerbaijão caiu, mas ainda assim são 66.778 participantes.
Não foi o único
A fala do ministro brasileiro foi secundada, sem menção direta a Trump, pelo secretário-executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Simon Stiell:
Estes não são tempos fáceis, mas o desespero não é uma estratégia e não se justifica. Nosso processo é forte e perdurará. Afinal, a cooperação internacional é a única forma de a Humanidade sobreviver ao aquecimento global.
Porém, Trump parece comprometido profundamente com o negacionismo climático. Ele indicou o parlamentar Lee Zeldin para dirigir a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, a EPA. Zeldin resumiu no X seu compromisso:
Vamos restaurar o domínio energético dos EUA, revitalizaremos a nossa indústria do automóvel para trazer de volta os empregos e faremos dos EUA os líderes globais da Inteligência Artificial.
Urgência no combate à inflação
No evento brasileiro, dominado por representantes do agronegócio, o ministro Paulo Teixeira reafirmou seu compromisso com os pequenos e médios produtores como forma de combater a inflação.
Ele concordou que o preço dos alimentos foi um dos responsáveis pela derrota de Kamala Harris nos Estados Unidos.
Hoje, em seu discurso na COP29, o homem-forte da UNFCCC tinha dito justamente isso:
A crise do clima é uma crise do custo de vida, porque desastres climáticos estão aumentando os custos para as famílias e negócios.
Teixeira foi na mesma linha:
Baixar o preço dos alimentos é o grande desafio do presidente Lula. Eu vejo três pilares para isso. Financiamento, compras públicas e assistência técnica.
O ministro insistiu que o Brasil precisa apostar em restauração ecológica, para recuperar nascentes e matas ciliares, especialmente mas não apenas na Amazônia:
É preciso fazer a transição para uma agricultura menos química, agroecológica. A variável mais importante foi a que apresentei no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que aumentou a produção de alimentos, aumentou o financiamento para a agroecologia e reduziu a miséria no campo brasileiro.
A fala de Teixeira mostra a complexidade do tema, uma vez que do painel também fez parte uma representante da Syngenta, a mega multinacional que produz venenos e sementes.