DESAFIO

Paulo Teixeira diz que Trump não tem força para barrar ação pelo clima

Baixar preços dos alimentos é o principal desafio de Lula, afirma

Encontro esvaziado.O vice-presidente Geraldo Alckmin (no destaque) participa do evento, que só tem três líderes dos países ricaços: Reino Unido, Itália e Espanha.Créditos: COP29
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

De Baku, Azerbaijão -- O ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, disse hoje à Fórum que o presidente Donald Trump não terá força política para barrar o movimento mundial para enfrentar a emergência climática, que hoje envolve centenas de milhares de pessoas em todo o planeta.

Teixeira participou de um debate sobre "o futuro do agro" no estande brasileiro da COP29.

Ele prevê que Trump eventualmente enfrentará oposição dentro dos Estados Unidos, onde há um vibrante movimento ambientalista.

Os números dão razão a Teixeira: 83.884 pessoas participaram da COP28 no Catar; por questões logísticas, o número no Azerbaijão caiu, mas ainda assim são 66.778 participantes.

Não foi o único

A fala do ministro brasileiro foi secundada, sem menção direta a Trump, pelo secretário-executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Simon Stiell:

Estes não são tempos fáceis, mas o desespero não é uma estratégia e não se justifica. Nosso processo é forte e perdurará. Afinal, a cooperação internacional é a única forma de a Humanidade sobreviver ao aquecimento global.

Porém, Trump parece comprometido profundamente com o negacionismo climático. Ele indicou o parlamentar Lee Zeldin para dirigir a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, a EPA. Zeldin resumiu no X seu compromisso:

Vamos restaurar o domínio energético dos EUA, revitalizaremos a nossa indústria do automóvel para trazer de volta os empregos e faremos dos EUA os líderes globais da Inteligência Artificial.

Urgência no combate à inflação

No evento brasileiro, dominado por representantes do agronegócio, o ministro Paulo Teixeira reafirmou seu compromisso com os pequenos e médios produtores como forma de combater a inflação.

Ele concordou que o preço dos alimentos foi um dos responsáveis pela derrota de Kamala Harris nos Estados Unidos.

Hoje, em seu discurso na COP29, o homem-forte da UNFCCC tinha dito justamente isso:

A crise do clima é uma crise do custo de vida, porque desastres climáticos estão aumentando os custos para as famílias e negócios.

Teixeira foi na mesma linha:

Baixar o preço dos alimentos é o grande desafio do presidente Lula. Eu vejo três pilares para isso. Financiamento, compras públicas e assistência técnica.

O ministro insistiu que o Brasil precisa apostar em restauração ecológica, para recuperar nascentes e matas ciliares, especialmente mas não apenas na Amazônia:

É preciso fazer a transição para uma agricultura menos química, agroecológica. A variável mais importante foi a que apresentei no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que aumentou a produção de alimentos, aumentou o financiamento para a agroecologia e reduziu a miséria no campo brasileiro.

A fala de Teixeira mostra a complexidade do tema, uma vez que do painel também fez parte uma representante da Syngenta, a mega multinacional que produz venenos e sementes.