AGROTÓXICOS

Cientistas desenvolvem fórmula que protege abelhas de efeitos dos pesticidas

Tecnologia criada por cientistas colombianos vem em forma de "suplemento alimentar" e é capaz de amenizar danos neurológicos causados pelo uso dos tóxicos nos animais

Abelha.Créditos: Pixabay
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

As abelhas são parte essencial de um ecossistema saudável e funcional. No Brasil, estima-se que a polinização (realizada por abelhas, moscas e morcegos) gere um valor de R$ 43 bilhões por ano na agricultura, de acordo com dados do Centro de Síntese Biodiversidade e Serviços Ecossistêmico (SinBiose). 

Da abóbora ao cacau, a produção aumenta exponencialmente com a presença dos animais (esse aumento chega a 100% para algumas culturas). Sem elas, é impossível manter o equilíbrio dos biomas.

No entanto, o uso de tóxicos de controle de plantações (que, no Brasil, é o maior do mundo) pode atrapalhar o desenvolvimento das abelhas, suas atividades de polinização e sua presença em culturas variadas.

De acordo com a Sociedade para a Conservação de Invertebrados (Xerces), mais de 90% das amostras de pólen de colmeias de abelhas colhidas de setores agrícolas e mais de 90% das amostras de riachos apresentam contaminação por mais de um tipo de pesticida.

Por isso, cientistas da Universidade de Bogotá, capital da Colômbia, trabalharam junto ao Departamento de Neurociência da Universidade do Arizona (EUA) e da Universidade Javeriana, também na Colômbia, para desenvolver uma tecnologia capaz de mitigar os efeitos negativos dos pesticidas sobre os animais. 

A forma como as abelhas — especialmente seu sistema neurológico — lidam com as neurotoxinas advindas do uso de pesticidas na agricultura, absorvidas durante a polinização, agora pode ser melhorada de forma a evitar prejuízos ao seu sistema motor e à sua memória. 

Quando expostas aos pesticidas, a fórmula desenvolvida pelos cientistas, que tem o formato de um suplemento alimentar, induz as abelhas a desenvolverem uma proteção metabólica contra os tóxicos

Criada com flavonoides, compostos derivados de plantas, a "comida" é apresentada às abelhas em laboratório, quando estão em estado de sedação e confinadas em pequenos tubos. 

Após o procedimento, quando elas acordam, suas moléculas estão prontas para responder aos pesticidas, capazes de protegê-las de e feitos neuronais causados por eles. 

Danos ao sistema nervoso

Os agrotóxicos, especialmente os neonicotinóides e os pesticidas à base de organofosforados, são conhecidos por causar sérios danos ao sistema nervoso das abelhas.

Esses danos incluem déficits de memória (que comprometem sua capacidade de encontrar alimento e retorar às colmeias); desorientação (impedindo que identifiquem referências visuais e sinais naturais do ambiente); alterações de comportamento (que afetam o comportamento social e a comunicação entre elas); e redução da capacidade motora (isto é, sua capacidade de voar).