As abelhas são parte essencial de um ecossistema saudável e funcional. No Brasil, estima-se que a polinização (realizada por abelhas, moscas e morcegos) gere um valor de R$ 43 bilhões por ano na agricultura, de acordo com dados do Centro de Síntese Biodiversidade e Serviços Ecossistêmico (SinBiose).
Da abóbora ao cacau, a produção aumenta exponencialmente com a presença dos animais (esse aumento chega a 100% para algumas culturas). Sem elas, é impossível manter o equilíbrio dos biomas.
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No entanto, o uso de tóxicos de controle de plantações (que, no Brasil, é o maior do mundo) pode atrapalhar o desenvolvimento das abelhas, suas atividades de polinização e sua presença em culturas variadas.
De acordo com a Sociedade para a Conservação de Invertebrados (Xerces), mais de 90% das amostras de pólen de colmeias de abelhas colhidas de setores agrícolas e mais de 90% das amostras de riachos apresentam contaminação por mais de um tipo de pesticida.
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Por isso, cientistas da Universidade de Bogotá, capital da Colômbia, trabalharam junto ao Departamento de Neurociência da Universidade do Arizona (EUA) e da Universidade Javeriana, também na Colômbia, para desenvolver uma tecnologia capaz de mitigar os efeitos negativos dos pesticidas sobre os animais.
A forma como as abelhas — especialmente seu sistema neurológico — lidam com as neurotoxinas advindas do uso de pesticidas na agricultura, absorvidas durante a polinização, agora pode ser melhorada de forma a evitar prejuízos ao seu sistema motor e à sua memória.
Quando expostas aos pesticidas, a fórmula desenvolvida pelos cientistas, que tem o formato de um suplemento alimentar, induz as abelhas a desenvolverem uma proteção metabólica contra os tóxicos.
Criada com flavonoides, compostos derivados de plantas, a "comida" é apresentada às abelhas em laboratório, quando estão em estado de sedação e confinadas em pequenos tubos.
Após o procedimento, quando elas acordam, suas moléculas estão prontas para responder aos pesticidas, capazes de protegê-las de e feitos neuronais causados por eles.
Danos ao sistema nervoso
Os agrotóxicos, especialmente os neonicotinóides e os pesticidas à base de organofosforados, são conhecidos por causar sérios danos ao sistema nervoso das abelhas.
Esses danos incluem déficits de memória (que comprometem sua capacidade de encontrar alimento e retorar às colmeias); desorientação (impedindo que identifiquem referências visuais e sinais naturais do ambiente); alterações de comportamento (que afetam o comportamento social e a comunicação entre elas); e redução da capacidade motora (isto é, sua capacidade de voar).