EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

Estudo projeta que colapso das correntes oceânicas pode ameaçar vida na Terra

Artigo publicado na “Nature” essa semana traz um novo alerta sobre as mudanças climáticas

A circulação das águas do oceano desempenha papel fundamental na regulação do clima global.Créditos: Kellie Churchman/Pexels
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As correntes oceânicas do Atlântico Norte podem colapsar daqui a um século e ameaçar a vida na Terra, é o que aponta um estudo publicado essa semana na revista “Nature”. Especialistas veem alerta como uma mais uma consequência das mudanças climáticas.

Pesquisadores da Universidade de Copenhague indicam, na pesquisa, que um importante padrão de circulação das águas do Oceano Atlântico, pode estar em risco, ele é responsável por regular boa parte do clima do planeta.

O físico teórico Peter Ditlevsen e Susanne Ditlevsen, responsável pela matemática e estatística, conduziram o estudo. De acordo com os dois irmãos, o AMOC (Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico, adaptado do inglês Atlantic Meridional Overturnig Circulation) conhecido como o grande sistema de correntes oceânicas menos resiliente e mais lento

Por isso, eles acreditam que a AMOC vai entrar em colapso em algum momento entre os anos de 2025 e 2095 por causa da mudança climática. O dado é importante, dado que a circulação das águas do oceano desempenha um papel fundamental na regulação do clima global.

Qual a importância da AMOC? 

Ela é parte vital do movimento das águas oceânicas, um fenômeno que tem impacto importante na distribuição do calor pelo nosso planeta. Esse conceito é chamado de circulação termohalina, tecnicamente. As mudanças nessas correntes influenciam o clima em várias regiões do globo, já que cerca de 90% do calor global está armazenado nos oceanos.

A probabilidade de acontecer um colapso da AMOC é de 95% até o ano de 2095, de acordo com os pesquisadores da Universidade de Copenhague. E a única forma de impedir isso é através da redução das emissões de gases do efeito estufa.

Quais os efeitos?

"O colapso da AMOC pode ter consequências muito graves para o clima da Terra, por exemplo, alterando a forma como o calor e a precipitação são distribuídos globalmente", diz Peter Ditlevsen. Ele aponta como a principal consequência do colapso da AMOC os efeitos de queda de temperatura em parte da Europa, enquanto no Hemisfério Sul haveria aumento nas regiões tropicais.

Em sua análise, Peter destaca que “embora um resfriamento da Europa possa parecer menos grave à medida que o globo como um todo se aquece e ondas de calor ocorrem com mais frequência, o colapso contribuirá para um aumento do aquecimento dos trópicos, onde as temperaturas em elevação já têm causado condições de vida desafiadoras”.

Vale lembrar que o problema já era conhecido pela ciência, no entanto, os resultados dos estudos dos irmãos gerou uma reação na comunidade científica. A doutoranda em Climatologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Karina Bruno Lima, cita medições diretas sobre a AMOC desde 2004, mas as reconstruções mostram seu enfraquecimento no último século, com causas antropogênicas.

Outra pesquisadora, Adriana Lippi, mestranda interdisciplinar em ciência e tecnologia do mar pela Unifesp e integrante da Liga das Mulheres pelo Oceano diz que apesar de não haver muita certeza sobre o estudo, ele tem uma alta taxa de confiabilidade. “Não é um estudo que a gente possa descartar, mas ele tem uma taxa de confiabilidade de 95%, que não é baixa, mas que também não é uma certeza estatística. E ele fala do enfraquecimento da corrente acontecer entre 2025 e 2095, ou seja, joga isso para esse século".

*Com informações de g1

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