AGRICULTURA FAMILIAR

Lula defende comida sem veneno e agroecologia; entenda por que

O líder petista usou as redes sociais para falar da necessidade de uma produção alimentícia mais segura e que preze a saúde das pessoas

Lula defende veganismo e agroecologia.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

O ex-presidente Lula, que sempre faz analogias com o churrasco para tratar da recuperação econômica do Brasil, usou as suas redes neste final de semana para falar da necessidade de uma política alimentícia que avance na agroecologia e na redução de agrotóxicos. 

Com o seu jeito irônico, Lula destacou o fato de que sempre fala do churrasco, mas que também é importante pautar o veganismo e a comida sem veneno como política alimentícia. 

"Eu melhorei meu discurso. Não falo só do pessoal voltar a comer churrasco, mas também o pessoal vegetariano, que não come carne, poder comer uma boa salada orgânica, estimularmos uma agricultura mais saudável no nosso país", declarou o presidente. 

Em vídeo divulgado pelo Instituo Lula, o ex-presidente aprofundou o discurso e falou da agroecologia. 

"Eu agora não falo só do churrasquinho, eu falo das pessoas que são vegetarianas e que não gostam de comer carne. Então, nós vamos ter que plantar mais coisas orgânicas para melhorar a saúde das pessoas que são vegetarianas, que são veganas, que gostam de outro tipo de comida", reforçou Lula. 

O veganismo, como se sabe, é a política que envolve o não consumo, na medida do possível, de nenhum produto que tenha origem animal, pois, o movimento vegano se pauta pela libertação animal e o fim de sua exploração para qualquer tipo de consumo. 

Parte do movimento vegano também está associado a agroecologia, política defendida por Lula nas redes. 

Mas, o que é a agroecologia e porque ela é apontada como fundamental para o futuro do planeta e de suma importância para a saúde das pessoas? 

Abaixo elencamos os principais pontos dessa política defendida por Lula. 

Produção sustentável

A agroecologia é apontada como uma fora de agricultura sustentável, pois, em sua concepção prática são levadas em conta as questões sociais, culturais, energéticas, ambientais e ética. 

O principal objetivo da agroecologia é a construção de uma política alimentícia que deixe de causar danos à biodiversidade e, principalmente, abandonar a monocultura, o emprego de transgênicos, o uso de fertilizantes industriais e agrotóxicos. 

Reforma agrária e agroecologia

A Agroecologia está pautada no Brasil desde a década de 1960 com os primeiros planos de Reforma Agrária. 

No Brasil, O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é o principal expoente da política agroecológica, pois, para o movimento o avanço da agroecologia "interessa não somente aos Sem Terra, mas também à população que está nas cidades". 

Atualmente, o MST é o maior produtor de arroz agroecológico das américas e produz cerca de 27 mil toneladas de arroz por safra que, em sua maioria, vão para alimentação escolar de dezenas de cidades de médio e grande porte de todas as regiões do país. 

A partir o aprofundamento da agroecologia, o MST criou a Bionatur, hoje uma referência na América na produção e comercialização de sementes agroecológicas. 

Agroecologia na América Latina 

Além da articulação local da agroecologia entre as cooperativas e assentamentos, foi criada a rede de Instituto Latino-Americanos de Agroecologia (IALAS), que resultou na criação da Escola Latino-americana de Agroecologia (ELAA). 


Ciência e conhecimentos tradicionais 

Ao contrário do modelo imposto pelo agronegócio, a produção pautada pela agroecologia não acontece de maneira isolada, ou seja, uma produção agroecológica se pauta a partir de uma ecologia de saberes que dialoga com a ciência, saberes populares, tradicionais e experiências da agricultura familiar, comunidades indígenas e camponesas. 


As vantagens da agroecologia 


O Instituto Jurumi destaca 5 pontos para explicar as vantagens da agroecologia, que reproduzimos abaixo: 

Produção Sustentável
Nos sistemas agroecológicos o objetivo é trabalhar a terra de modo que ela permaneça sempre produtiva e não que seja usada ao máximo até seu esgotamento. Dessa forma, são considerados todos os recursos envolvidos no ciclo da agricultura: plantas, animais, minerais e microrganismos. A integração desses elementos naturais reduz a dependência de insumos externos, o que reduz os custos econômicos dos produtores. A produção sustentável, portanto, traz resultados permanentes, estáveis e a longo prazo.

Trabalho Justo
O método de produção agroecológico tem como consequência a promoção de boas condições de trabalho para o trabalhador rural, isso porque não há o manuseio de substâncias químicas perigosas, além de que o conhecimento dessas pessoas em práticas de cultivos tradicionais é um bom aliado nesse sistema, portanto, é valorizado. O fortalecimento da agricultura familiar é um outro aspecto promovido pela agroecologia, que se baseia na mão de obra familiar e em sistemas produtivos complexos, adaptados às condições locais, o que promove a fixação do homem à terra.

Preservação do meio ambiente
A prática agroecológica promove a manutenção da biodiversidade e a estabilidade natural dos ecossistemas. Também, favorece a reciclagem de nutrientes importantes para a formação dos solos, ou seja, tem a capacidade de recuperar e manter a fertilidade dos solos. Ainda, preserva os recursos naturais através da utilização racional.

 Evita o uso de agroquímicos
Na agroecologia ocorre a substituição de fertilizantes artificiais por adubos naturais, de modo a reduzir a contaminação de solos e águas superficiais e subterrâneas. Também não se utilizam os pesticidas que também podem eliminar organismos vivos do solo e afetar o equilíbrio dos ecossistemas. Ao contrário, no sistema agroecológico tenta-se entender os sistemas complexos e diversos da natureza e aprender com eles para que se obtenha maior produtividade com o mínimo de insumos externos.

Não utiliza transgênicos
A utilização de sementes transgênicas é insustentável, pois incentiva o uso de insumos externos por serem mais resistentes às substâncias. Os transgênicos também podem provocar a perda de biodiversidade quando da contaminação de sementes transgênicas com as não transgênicas. Também não se sabe ao certo se o uso prolongado de alimentos transgênicos pode causar alterações na saúde humana.

Por fim, a drag queen Rita von Hunty produziu um vídeo bem didático sobre a questão da agroecologia e a sua importância, que reproduzimos abaixo: 

 

 

Com informações do Instituto Jurumi, MST, e-Cycle