A tragédia das chuvas que se abateu em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, já contabilizou 78 mortos. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o perigo de novos deslizamentos na área é “muito alto”.
O município continua em estágio de crise e a prefeitura pede que população não saia de casa.
“É muito alta a possibilidade de novas ocorrências de inundação nas bacias hidrográficas dessas regiões, principalmente em função dos acumulados observados, dos níveis dos rios e córregos dos municípios e dos danos ocasionados ao sistema de drenagem que dificultam o escoamento das águas pluviais. Também não se descarta a ocorrência de inundação, enxurradas e alagamentos nas áreas urbanas dessas regiões”, divulgou o Cemaden, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Conforme informações do órgão, as “chuvas tendem a se manter por pelo menos nos próximos sete dias, causando um acumulado médio nas bacias acima do normal histórico para o período”.
O Cemaden destacou, ainda, que, na terça-feira (15), em apenas quatro horas, o volume de chuva foi 40% maior do que o normal para todo mês de fevereiro.
O acumulado observado nas quatro horas foi de 260mm de chuva e a média histórica para todo o mês é de 185mm.
Tragédia poderia ser evitada pelo estado, afirma ONG
Em nota divulgada nesta quarta-feira (16), a ONG Greenpeace Brasil afirma, com base em estudos, que a tragédia das chuvas em Petrópolis (RJ), que desde terça-feira (15) já matou mais de 78 pessoas, poderia ter sido evitada pelo estado.
Segundo a ONG, que encampa ações em todo o mundo chamando a atenção para a crise climática, "o estado do Rio de Janeiro é suscetível a eventos climáticos extremos por conta de suas características biofísicas, como o relevo montanhoso, a descaracterização de rios e córregos, a ocupação desordenada da zona costeira e o intenso desmatamento da Mata Atlântica".
O Greenpeace analisou o Plano de Adaptação Climática, elaborado em 2018 pela prefeitura do Rio de Janeiro e por instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que tinha como objetivo apresentar planos para conter os impactos dos eventos extremos climáticos. A ONG, porém, constatou que não foram tomadas as medidas previstas em políticas públicas para evitar tragédias como a de Petrópolis.
“O risco decorrente da crise do clima é presente e historicamente negligenciada pelo governo do estado, que precisa urgentemente criar medidas de prevenção, adaptação e desenvolver ações estruturais de enfrentamento a este cenário. Por isso, precisamos pressionar para que os estados brasileiros decretem emergência climática, para trazer soluções em constante diálogo com a sociedade civil”, afirma Rodrigo Jesus, porta-voz do Greenpeace Brasil.