A comunidade Napolepi, localizada na Terra Indígena Yanomami, no município de Alto Alegre em Roraima, não teve um domingo (2) tranquilo de eleições. Pelo contrário, sofreu um ataque de garimpeiros que além de causar o terror no local, deixou um adolescente ferido e Cleomar, uma das lideranças do povo, morto aos 46 anos.
Antes do ataque, cinco indígenas se encontravam em uma cantina, local que consiste em uma tenda onde garimpeiros vendem itens de alimentação. O dono da cantina teria avisado os indígenas que “garimpeiros membros da facção” viriam atacar a comunidade. Ele teria tido ciência da informação por conta de grupos de WhatsApp de garimpeiros.
O grupo, autointitulado como “lobos”, chegou à comunidade Napolepi em dois barcos pilotados por garimpeiros e já desceram atirando. As informações estão em um ofício da Associação Hutukara Yanomami, assinado pelo líder Dário Kopenawa e enviado ao Ministério Público Federal (MPE), à Funai e à Polícia Federal. O ofício foi divulgado pelo G1 nesta quarta (5).
“Um líder indígena foi assassinado e um adolescente teve o rosto atravessado por uma bala em um ataque de garimpeiros na Terra Yanomami. Estamos esgotados de pedir pelo mínimo. Não aguentamos mais as constantes violações contra nossas crianças, família e a Terra Indígena Yanomami. Clamamos às autoridades por uma resposta efetiva e imediata”, protestou Kopenawa no Twitter.
Cerca de dez homens participaram do ataque. Cleomar, junto com um grupo de indígenas, tentava se jogar no rio para fugir dos disparos, mas acabou atingido. O adolescente ferido foi atingido no rosto e no pescoço ao cair sobre um dos barcos.
Cleomar foi enterrado na comunidade, de acordo com as tradições e a cosmovisão yanomami. Já o adolescente foi enviado ao Hospital Geral de Roraima, na capital Boa Vista, onde recebeu atendimento médico. O pai do adolescente acredita que o pretexto para o ataque tenha sido uma acusação de furto de uma garrafa de cachaça, supostamente feito pelos indígenas. Há também a suspeita, dado o aviso do dono da cantina, de que os garimpeiros que perpetraram o ataque sejam parte de uma organização criminosa.
*Com informações do G1.