56 mil hectares destruídos: desmatamento na Amazônia em abril bate recorde da série histórica para o mês

"O que já é ruim, pode piorar com Ricardo Salles trabalhando contra o meio ambiente", diz porta-voz do Greenpeace sobre novos dados divulgados pelo Inpe

Foto: Welington Pedro de Oliveira/Fotos Públicas
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Dados divulgados nesta sexta-feira (7) pelo sistema Deter (Detecção de Desmatamentos em Tempo Real), do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontam que o desmatamento na Amazônia em abril bateu recorde e é o maior da série histórica para o mês.

De acordo com o estudo feito através de imagens de satélite, 56 mil hectares de floresta foram destruídos no último mês, um aumento de 43% em relação a abril de 2020, quando foram devastados 40.720 hectares.

O último recorde para o mês de abril havia sido registrado em 2018, quando foram destruídos 48.952 hectares de floresta.

O desmatamento observado em abril deste ano representa o segundo recorde consecutivo de 2021, já que em março o total de área devastada havia sido maior que no mesmo período em 2020. Para se ter uma ideia, somente no mês passado a destruição foi quase o correspondente à soma da devastação nos três primeiros meses do ano, que foi de 57 mil hectares.

O novo recorde vem na esteira da crescente pressão sobre o Brasil com relação às metas de redução do desmatamento. Durante a Cúpula do Clima, em março, o presidente Jair Bolsonaro prometeu zerar o desmatamento ilegal até 2030 e "fortalecer" órgãos de fiscalização ambiental.

Na prática, entretanto, não é isso o que vem ocorrendo. Um dia após a Cúpula, Bolsonaro publicou vetos ao Orçamento 2021 que afetam recursos destinados ao Ministério do Meio Ambiente, retirando R$ 11,6 milhões de ações de controle e fiscalização ambiental do Ibama. O instituto perdeu, no total, R$18,4 milhões.

Além disso, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, vem sendo acusado de atrapalhar a fiscalização ambiental, inclusive com ações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), e é apontado por entidades e organizações não governamentais (ONG's) de ser o responsável direto pelos altos índices de desmatamento no país.

"O que já é ruim, pode piorar, com Ricardo Salles trabalhando contra o meio ambiente e o Congresso Nacional trabalhando para legalizar grilagem, flexibilizar o licenciamento ambiental e abrir terras indígenas para mineração. O desmatamento vai continuar em alta se nada for feito e é difícil imaginar que uma solução seja apresentada por um governo que é responsável por um aumento histórico do desmatamento e que represa e corta recursos para a proteção do meio ambiente", afirmou Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, ao comentar os novos dados divulgados pelo Inpe.

"Esse número é só mais uma prova de que as palavras proferidas na cúpula do clima foram ao vento. Aqui no Brasil, esse governo continua sistematicamente atacando os órgãos de comando e controle, impedindo o seu funcionamento, cortando orçamento e empurrando leis absurdas para avançar sobre a floresta. Como se tudo isso já não fosse ruim, ainda iniciou uma perseguição sistemática às lideranças indígenas e todos aqueles que expõem a verdade desse governo negacionista e omisso que nos leva a recordes de desmatamentos e mortes devido a pandemia", completou Batista.