Ex-chefe da PF do Amazonas é citado como “alvo a ser abatido” em conversa entre madeireiros

Alexandre Saraiva foi destituído do cargo, após encaminhar ao STF notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por conduta favorável a madeireiros investigados pela PF

Alexandre Saraiva - Foto: Reprodução/TV Globo
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Destituído por Paulo Maiurino, diretor-geral da Polícia Federal (PF) do comando da PF do Amazonas, Alexandre Saraiva foi citado como “o alvo a ser abatido”, em troca de mensagens entre madeireiros investigados. As informações são da coluna Painel, da Folha de S.Paulo.

Saraiva encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o que motivou sua demissão.

No dia 2 de setembro de 2019, o investigado Roberto Paulino enviou uma foto de Saraiva a um interlocutor chamado na conversa de Guga. Junto, a mensagem: “Alvo a ser abatido”.

“A frase indica que todas as possibilidades para remover o superintendente da Polícia Federal no Amazonas estão sobre a mesa, em outros termos, caso as vias políticas e/ou judiciais e disciplinares não surtam efeito, não está descartado o uso da violência”, diz a PF.

Em outra conversa de Paulino, desta vez com Humberto Jacob de Barros Oliveira, fica nítida a irritação com o delegado e a vontade de tirá-lo do posto. Eles falam sobre a necessidade em pedir ajuda a uma pessoa de nome Júlio, representantes dos madeireiros, para realizar a tarefa.

“Tem que pedir para o Júlio tirar esse cara daqui. Urgente”, diz Paulino. “Ele vai quebrar todos”, responde Humberto.

Maior apreensão da história

Durante entrevista à Folha, no dia 4 de abril, Saraiva fez duras críticas à atuação de Salles, por agir de forma favorável aos madeireiros, responsáveis pela maior apreensão de madeira da história do país. Ele disse que nunca havia visto um ministro ser contra uma ação, cujo objetivo é preservar a floresta amazônica.

Nesta quarta-feira (14), Saraiva encaminhou ao STF notícia-crime contra Salles e o senador Telmário Mota (Pros-RR), também pela atuação em favor dos investigados.

No dia seguinte, Saraiva foi substituído do cargo por decisão do novo diretor-geral da PF, Paulo Maiurino.