A deputado federal Duda Salabert (PDT-MG) também relatou que seu gênero foi alterado em visto para os Estados Unidos. No documento, a marcação de gênero da parlamentar veio como "masculino".
Nas redes sociais, ela contou que havia sido convidada por uma organização internacional para um curso sobre desenvolvimento em infância, em parceria com a Universidade de Harvard. Seu visto, porém, estava vencido e ela precisou renovar. No entanto, a deputada foi informada que o novo visto viria com a marcação de gênero como masculino com a “justificativa” de que é de conhecimento público no Brasil que ela é uma pessoa trans.
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"Ou seja, minha identidade de gênero, reconhecida legalmente pelo Estado brasileiro, seria simplesmente ignorada. Desde então, tentamos resolver o caso por vias diplomáticas, exigindo nada além do óbvio: respeito", declarou a deputada.
Ela ainda acrescentou que a situação "é mais do que transfobia: é um desrespeito à soberania do Brasil e aos direitos humanos mais básicos".
A parlamentar também citou o mesmo caso ocorrido com Erika Hilton (PSOL-SP) nesta semana e, assim como a deputada psolista, também cobrou um posicionamento do Itamaraty.
"Tenho confiança de que o Itamaraty se posicionará com firmeza, pois esse ataque não é só contra mim e@ErikakHilton. É uma afronta a todos os brasileiros e brasileiras que acreditam na dignidade, no reconhecimento e no direito de existir plenamente. Minha solidariedade a@ErikakHilton", afirmou.
"Entramos juntas no Congresso Nacional e dividimos diversas trincheiras na luta contra a transfobia. A decisão do governo dos EUA é, sem rodeios, discriminatória", finalizou a deputada.
Governo Trump trata Érika Hilton por pronome masculino em visto para Harvard
O governo Donald Trump ignorou documentos brasileiros e registrou Erika Hilton com o "sexo masculino" ao conceder visto diplomático para que a parlamentar participasse da Brazil Conference at Harvard & MIT 2025, ocorrida no último dia 12.
"É transfobia de Estado. Trump transformou o governo americano em máquina de perseguição a minorias", acusou Hilton, que disse ter acionado o Itamaraty e já articula uma ação jurídica internacional contra Trump e a política de transfobia de Estado adotada pelo governo americano.
Segundo a assessoria da deputada, documentos obtidos junto ao consulado dos EUA em Brasília mostram que o governo Trump registrou seu "sexo biológico" como masculino, desconsiderando sua certidão de nascimento retificada e passaporte brasileiro que atestam seu gênero feminino.
A parlamentar, que integrava missão oficial autorizada pela Câmara dos Deputados, deveria palestrar no dia 12 de abril no painel "Diversidade e Democracia" ao lado de outras autoridades brasileiras.
“É muito grave o que os Estados Unidos têm feito com as pessoas trans que vivem naquele país e quem lá ingressa. É uma política higienista e desumana que além de atingir as pessoas trans também desrespeitam a soberania do governo brasileiro em emitir documentos que devem ser respeitados pela comunidade internacional", diz.
Em 2023, a mesma embaixada havia emitido visto à deputada respeitando sua identidade feminina. A mudança ocorre após o decreto assinado pelo presidente Donald Trump em janeiro de 2025, que não reconhece pessoas trans para o estado americano.