A chegada de Pabllo Vittar à 27ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, na tarde deste domingo (11), foi um momento de delírio para o público. A drag queen mais famosa do Brasil tornou-se um símbolo de luta e resistência para a atual geração da comunidade LGBTQIA+ no país, que vê nela não apenas uma artista que faz performances de tirar o fôlego nos palcos, mas sim uma figura politizada e de discurso contundente contra a homofobia.
“A gente sempre tem que fazer 10 vezes mais... A gente quer emprego, a gente quer trabalho”, disse Pabllo para uma multidão em delírio com sua presença, ouvindo de forma eufórica cada intervenção da drag queen.
Pabllo teve papel fundamental no grupo de artistas que resistiu às investidas reacionárias e ao discurso de ódio fomentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seu grupo durante os quatro anos de mandato do radical. Diferentemente do que se pensa sobre sua militância, ela é uma personalidade de forte discurso político e a todo momento salientou ao seu grupo social a importância de escolher e batalhar por nomes que apoiem a luta contra a homofobia e as políticas públicas voltadas ao público LGBT+.
Numa participação no antigo programa Caldeirão do Huck, apresentado por Luciano Huck, na TV Globo, em junho de 2021, Pabllo revelou um fato sobre sua história que poucos conheciam. Ela viveu num assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com a mãe e as irmãs, localizado em Uberlândia (MG), contando com detalhes ao apresentador como foi sua vida durante dois anos num barraco de lona montado numa área ocupada.
Quase dois anos depois, numa entrevista à Folha de S.Paulo, Pabllo admitiu que sua consciência política foi formada no período em que viveu no assentamento. “Temos que usar o palco para momentos políticos. Muitas vezes, não precisa abrir a boca para ser política, mas às vezes a gente tem que tomar medidas drásticas”.
Na mesma entrevista, ela disse que jamais deixará de estar próximo de um público que segue sendo formado por camadas sociais pouco privilegiadas e que sofrem na pele com a pobreza, a desigualdade, a violência e o preconceito. “Me frustrava eu falar e muita gente ficar calada. Me distanciei de pessoas, voltei a falar com outras, mas fiquei num estado de ‘muito emputecida’. Tipo ‘mona, olha quem vai nos seus shows’. ‘Tu não faz show para rainha, não, é para sapatão, veado, travesti, gente preta, pessoa de comunidade.’ Não é isso que tu prega?’”.
Veja o momento da chegada de Pabllo Vittar ao trio elétrico em que se apresentaria na Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, que contou ainda com a presença de artistas como Daniela Mercury, Urias, Pocah e Thiago Pantaleão: