A extrema direita fundamentalista dos EUA abriu 2023 com uma nova ofensiva contra os direitos civis da comunidade LGBT. Ao longo de 2022, em uma ação coordenada nacionalmente, eles conseguiram aprovar uma série de leis locais que proibiram o uso de materiais didáticos com qualquer referência às pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis. O movimento ficou conhecido como “don’t say gay”.
Agora, os fundamentalistas miram as apresentações de drags queens em espaços públicos e o banimento da chamada "propaganda gay", termo genérico utilizado em leis semelhantes em países como Hungria e Rússia que, ao fim e ao cabo, visam criminalizar a sociabilidade LGBTI+.
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O primeiro estado a avançar neste sentido foi o Tennessee, que aprovou uma lei que proíbe apresentações de drag queens em espaços públicos. O governador do estado, o republicano Bill Lee, ao sancionar a lei, afirmou que ela visa "proteger os menores de idade".
A lei, que entra em vigor ainda neste ano, estabelece que "as apresentações de cabaré adulto, dançarinos de topless, go-go dancers, dançarinos exóticos, strippers, imitadores masculinos ou femininos" só podem ocorrer em espaços privados, a noite e sem a presença de menores de idade. Quem violar a legislação, será enquadrado por "contravenção ou crimes contra a moral".
Questionado pela imprensa sobre a motivação por sancionar lei que impõe restrições ao trabalho das artistas drags, Lee afirmou que o objetivo é "acabar com entretenimento sexualizado na frente de crianças".
Por conta da redação genérica da lei aprovada, as artistas drags temem que, ao se apresentarem na Parada do Orgulho LGBT, sejam presas, pois, de acordo o com o texto da lei, elas estão banidas do espaço público.
Além da infame lei que proíbe shows drags no espaço público, o governador do Tennessee também sancionou outra lei, que proíbe terapias de apoio para jovens transgênero.
A União Americana de Liberdades Civis do Tennessee (ACLU) vê com muita preocupação a aprovação da legislação anti-LGBT. "A lei proíbe performances obscenas, e performances de drag não são inerentemente obscenas", diz comunicado da ACLU que, no entanto, atenta para o fato de que a legislação pode ser utilizada "para arrefecer a liberdade de expressão e envia uma mensagem aos tennesseanos LGBTQ de que eles não são bem-vindos em nosso estado".
Agenda anti-LGBT avança nos EUA
Levantamento feito revista Them traz um cenário sombrio para a comunidade LGBTI+ dos EUA. Além do Tennessee, o Mississippi também aprovou uma lei local que proíbe terapias afirmativas para jovens trans.
Além disso, pelo menos 15 novos projetos de lei anti-trans foram apresentados e 37 avançaram nas câmaras estaduais do país. Destaque para Flórida, Geórgia, Iowa, Maine, Missouri, Ohio e Texas.
A maioria dos projetos tem como alvo preferencial a população transgênero dos EUA. Os projetos de lei visam proibir qualquer tipo de política afirmativa que verse sobre a transgeneridade.
O discurso central dos fundamentalistas vinculados ao Partido Republicano é que é preciso “banir a propaganda gay e de gênero”. Tal narrativa é a mesma utilizada pelos parlamentos da Hungria e da Rússia que, a partir de afirmações genéricas como “agenda gay” ou “propaganda gay”, impuseram duras restrições e, em alguns casos (Rússia), a criminalização dos afetos LGBT em espaços públicos.