Desde que foi anunciado que a Rede Globo faria uma nova versão da novela "Pantanal", sucesso de audiência em 1990 na extinta TV Manchete, surgiram algumas questões sobre como a nova versão abordaria a sexualidade do personagem Zequieu, mordomo gay que passa a trabalhar para o protagonista da trama, Zé Leôncio (Marcos Palmeira).
Na versão de 1990 o personagem foi interpretado por João Alberto Pinheiro, que faleceu logo após a exibição da trama. No remake, Zaqueu é interpretado por Silvério Pereira, o eterno Lunga de Bacurau.
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Mas, se na primeira versão o tom adotado era de chacota com a sexualidade e o jeito de Zaqueu, qual é o tom abordado pela novela "Pantanal" que está no ar?
Antes mesmo da trama ir ao ar, o autor e responsável pela nova versão, Bruno Luperi, avisou que utilizaria a trama de Zaqueu para tratar da homofobia e alertar o público os males que os discurso de ódio promove nas vidas das pessoas LGBTQIA+.
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Humilhado e ofendido
Boa parte do capítulo de Pantanal que foi ao ar nesta terça-feira (5) foi dedicado a tratar da homofobia, pois, após ser vítima de sucessivas humilhações homofóbicas impostas pelo filho de José Leôncio, Tadeu (José Loreto).
Ofendido, Zaqueu decide ir embora e deixa uma carta para a Marina (Selma Egrei) e Irma (Camila Morgado), para quem presta serviço.
"Eu esperava enfrentar alguma resistência, mas, confesso, que não esperava causar tamanho desconforto pelo simples fato de ser quem eu sou... Não falo exclusivamente de forma rude como o senhor José Leôncio falou comigo ou da relação possessiva da dona Filomena com aquele fogão. Mas tem certas 'piadas' que eu jurei para mim mesmo que não iria mais tolerar".
Inconformada, Irma decide tirar satisfação com Zé Leôncio, que responde que é frescura por parte de Zaquieu, mas o peão leva uma reprimenda da cunhada. "Isso o que fizeram com o Zaquieu chama-se homofobia. E não é frescura ou brincadeira, apesar de ser tratada como tal. É crime... está na lei", a bronca de Irma surte efeito em Leôncio que reúne os peões e proíbe piadas homofóbicas.
"Isso que vocês fizeram tem nome e num chama piada... Chama homofobia. Pelo que pude assuntar: de um a cinco anos! [...] A verdade é que nós nascemos e crescemos rindo disso… Achando que o que um sujeito fazia entre quatro parede era prova de caráter… De valor. Mais, acontece, que isso num é! Isso é um choque”.
Em seguida, Zé Leôncio avisa: “E já que tamo junto eu quero dizer que, de hoje em diante, quem fizer menos caso d’uma pessoa em razão do motivo que for, pode juntar suas tralhas de arreio e tomar seu rumo".
A cena em 1990:
A versão atual:
A história de Zaquieu
Apesar de não ter dado conta das humilhações, Zaquieu é a pessoa que não se dobra para homofóbicos, ou seja, é uma pessoa sem papas na língua e, ao mesmo tempo, muito prestativo e sempre pronto para ajudar o próximo.
Zaquieu vai viver uma paixão com Alcides (Juliano Cazarré), que trabalha para Tenório (Murilo Benício). No começo, o peão vai tratar Zaquieu com frieza, mas posteriormente vai desenvolver afeto pelo mordomo.