NITERÓI

Vereador bolsonarista é condenado à prisão por crime de transfobia contra Benny Briolly

"Até que todo mundo saiba que travesti não é bagunça", comemorou a vereadora. Com medo, Douglas Gomes, o agressor, ficou na Câmara durante a noite.

Benny Briolly e Douglas Gomes.Créditos: Facebook/Twitter
Escrito en LGBTQIAP+ el

A justiça condenou o vereador Douglas Gomes (PTC-RJ), apoiador de Jair Bolsonaro (PL) em Niterói, no Rio, à prisão por 1 ano e 7 meses pelo crime de transfobia contra Benny Briolly (PSOL), quinta mais votada para a Câmara do município fluminense na eleição de 2020. A decisão foi anunciada pela vereadora nas redes.

"URGENTE E HISTÓRICO! Vereador bolsonarista, @verdouglasgomes, aqui de Niterói, é o primeiro parlamentar condenado pelo CRIME de TRANSFOBIA no Brasil, por uma ação movida POR MINHA MANDATA. O criminoso recebeu ontem, no dia do orgulho LGBTQIAP+, 1 ano e 7 meses de PRISÃO", comemorou Benny, emendando que "até que todo mundo saiba que travesti não é bagunça".

Na noite desta terça-feira (28), o bolsonarista gravou um vídeo e publicou na rede anunciando a decisão e dizendo que ainda estava na Câmara niteroiense com medo de ser preso. 

"Hoje é terça-feira, 28 de julho, 9h30 da noite e estou aqui na Câmara Municipal ainda. E sabe porquê? Acabo de ser informado que fui condenado a um ano e sete meses de prisão por chamar um homem de homem", disse em um misto de ironia e medo.

Transfobia covarde

Os ataques do bolsonarista a Benny aconteceram em novembro de 2021, quando seria votado um Projeto de Lei (PL) que prevê 2% de cotas para pessoas trans em concursos públicos municipais, de autoria da vereadora.

"Durante minha fala , quando apresentava dados sobre a transfobia brasileira, os gritos e xingamentos dos bolsonaristas me interrompiam . Fui chamada de 'traveco', 'viadinho' e 'piranha'. Foi muito violento!", relatou a vereadora ao Empoderado.

Através das redes sociais, Benny descreveu como foi a sessão. "Nosso PL que garante 2% de cotas para pessoas trans em concurso públicos municipais seria votado. O vereador bolsonarista levou sua base e além de muito discurso de ódio chegou a dar voz de prisão para uma irmã travesti que ocupava a galeria junto do movimento LGBTIA+. Durante minha fala quando apresentava dados sobre a transfobia no Brasil, bolsonarista me interrompiam aos gritos e xingamentos. Mas nós movimento LGBTIA+ reagimos mostrando nossa força e afirmando que o fascismo e a transfobia não irão prevalece", escreveu.

A mulher trans citada por Benny é Colle, articuladora da Casa Nem, que também estava no plenário, junto com outras ativistas, para pressionar os vereadores pela aprovação do projeto de lei.

Ameaças fizeram vereadora sair do país

Em maio de 2021, Benny Briolly se viu obrigada a deixar o país por questões de segurança. Ela vinha, constantemente, sendo ameaçada e atacada por bolsonaristas na Câmara Municipal, por meio de atos que caracterizam transfobia.

“A vereadora Benny Briolly precisou sair temporariamente do país por conta de ameaças a sua integridade física. Não é de hoje que parlamentares negras, travestis, mulheres, LGBTQIA + e defensoras dos direitos humanos sofrem com a violência política dentro e fora dos espaços legislativos e de tomadas de decisões. Essa prática é fruto da estrutura patriarcal e racista que desumaniza nossos corpos e teme o avanço do nosso projeto político de transformação da sociedade", escreveu a equipe da vereadora em nota à época.

Tentativa de agressão

Em março de 2021, Benny denunciou uma tentativa de agressão física por parte do vereador bolsonarista Douglas Gomes (PTC-RJ). O caso ocorreu no plenário da Câmara Municipal de Niterói.

“Hoje fui agredida com transfobia, racismo e quase fisicamente pelo vereador fascista Douglas Gomes, que foi seguro pelos meus companheiros de bancada para que não me encostasse. Foi horrível e doloroso!”, escreveu Benny, em sua rede social.

A vereadora discursava na sessão, quando Gomes foi ao microfone a chamou de “vagabundo, moleque, seu merda e mentiroso”, e ainda teria tentado agredi-la fisicamente. Colegas de bancada de Benny, então, precisaram intervir para impedir a agressão e a sessão foi encerrada.

“Chorei, senti medo, senti a dor de ser mulher negra e trans na política, mas não recuei. Companheiras me ajudem porque eu não posso andar só!”, desabafou Benny, na oportunidade.