O mês é do Orgulho LGBTQIA+, mas a LGBTfobia segue com força em muitos cantos do mundo. Prova disso, é que o novo desenho da Disney, "Lightyear, um spin-off da franquia "Toy Story", foi censurado em mais de 10 países. O motivo? A presença de um beijo lésbico.
De acordo com informações da revista Variety, a Pixar, que faz parte do conglomerado de produtoras da Disney, não submeteu o desenho à censura da Arábia Saudita, pois, sabe que lá tal produção não seria aprovada pela censura. Dessa maneira, a produção foi submetida a uma primeira triagem no Emirados Árabes Unidos. Resultado: 14 países do Oriente Médio e da Ásia e, além dos mencionados, Indonésia, Egito e Líbano proibiram a exibição do longa animado.
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Outro país que costuma editar cenas ou censurar produções LGBTQIA+, a China - um dos maiores mercados cinematográficos do mundo -, manteve o lançamento de "Lightyear", que acontece nesta sexta-feira (17), na sua integralidade.
Censura interna
O desenho "Lightyear" já foi alvo, antes mesmo de ser lançado, de censura, mas por parte de executivos da Disney quando, há três meses funcionários denunciaram a retirada do cena de beijo lésbico e tornaram pública a informação de que a gigante das animações apoiava financeiramente a lei "Don't say gay", que censura conteúdo LGBT nas escolas da Flórida e foi sancionada pelo governo de extrema direita Ron DeSantis (Republicano).
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À época, a Pixar se manifestou publicamente contra a censura LGBTfóbica em torno de "Lightyear" e o CEO da Disney, Bob Chapek, foi afastado.
Após pressão popular e de ameaças de boicotes, a Disney voltou atrás em sua decisão de retirar afetos LGBT de suas produções como um todo.
Na trama do novo desenho, uma amiga de Buzz Lightyear, que é uma patrulheira espacial, se casa com outra mulher e o casal troca beijos durante a cerimônia.
Marvel e a censura do herói LGBTQIA+
O filme da Marvel, "Eternos", abre uma nova etapa das adaptações dos quadrinhos para as telas de cinema ao colocar entre os seus personagens um abertamente gay.
Se de um lado comemora-se o avanço em tal tipo de produção, do outro lado alguns países não gostaram muito e devem censurar a nova produção da Marvel justamente por ter um personagem LGBT.
Na Rússia o filme corre o risco de ter a sua exibição proibida, visto que o país possui uma lei que veta qualquer tipo de material, impresso ou audiovisual, que faça "propaganda gay".
A outra nação que deve impor restrições ao longa é a China, neste caso o filme deve ganhar classificação de 18 anos ou ter a cenas, onde fica explícito a homossexualidade do personagem Phastos, cortadas.
A Disney, que detém os direitos dos filmes do universo Marvel, costuma se adequar as exigências dos dois países citados, visto que possuem enormes bilheterias.
Por conta disso, a diretora do longa, Chloé Zhao, que na última edição do Oscar foi premiada como melhor diretora por "Nomadland", tem apelado junto da Disney para que não faça modificações no filme com o objetivo de esconder a questão LGBT.
Ao portal IndieWire, Chloé Zhao afirmou que não tem conhecimento dos detalhes das conversas da Disney com as autoridades dos dois países, mas que torce para que não haja cortes.
"Não sei todos os detalhes, mas sei que tem havido discussões e que houve e há um grande desejo da Marvel e meu, porque conversamos sobre isso, de não mudar o corte do filme. Dedos cruzados", disse Zhao.