Doeu no bolso: Ao vivo, Sikêra Jr "se desculpa" por fala homofóbica

"Me excedi", disse o bolsonarista ao vivo, enquanto o Sleeping Giants segue fazendo pressão para que empresas deixem de anunciar em seu programa; ao menos 7 já desembarcaram

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Ao vivo na edição desta terça-feira (29) de seu programa Alerta Nacional, o bolsonarista Sikêra Jr. fez um pedido de desculpas por uma declaração homofóbica proferida na última sexta-feira (25). A retratação do apresentador não foi espontânea: desde seu último ataque às pessoas LGBT, marcas que anunciavam em seu programa vêm retirando seus patrocínios.

O movimento ocorre em meio à pressão do Sleeping Giants Brasil, que até o momento, com a ajuda de internautas, através da tag #DesmonetizaSikera, conseguiu alertar e fazer com que 7 empresas interrompessem seus anúncios no programa de Sikêra.

A ação "doeu no bolso" do apresentado. "Eu preciso reconhecer que me excedi, no calor do comentário, defendendo a inocência de crianças que eu sempre defendi. Posso ter usado palavras que me arrependo, sou humano. Errei, erro e vou errar", disse, enquanto o Sleeping Giants segue fazendo pressão para que empresas deixem de patrocinar o bolsonarista.

O apresentador, apesar do "pedido de desculpas", seguiu defendendo seu pensamento homofóbico. "Eu tenho sofrido muito por conta desta situação. Eu tenho a responsabilidade de pedir desculpas publicamente. Vou seguir nesta batalha para defender as crianças e a família tradicional, mas sem desrespeitar quem pensa diferente de mim. Você que discorda também é muito bem-vindo aqui", declarou.

Fala homofóbica e ação do MPF

O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul (MPF) ajuizou, nesta terça-feira (29), uma ação civil pública contra o bolsonarista Sikêra Jr. e a emissora RedeTV por conta de comentários homofóbicos feitos pelo apresentador.

Sikêra recorrentemente profere declarações pejorativas e preconceituosas com relação à comunidade LGBT e, na última sexta-feira (25), voltou a atacar pessoas homossexuais ao vivo em seu programa Alerta Nacional e, inclusive, relacionou-as ao crime de pedofilia.

“Eu cheguei a seguinte conclusão: vocês precisam de tratamento. Que tara é essa de pegar as crianças do Brasil? É porque os adultos não acreditam mais em vocês, já sabem qual é a jogada, qual é o grande lance de vocês acabar com a família. A gente está calado, engolindo essa raça desgraçada […] mas vai chegar um momento que vamos ter que fazer um barulho maior. […] Deixa a criança crescer, brincar, descobrir por ela mesma.[…] Isso é pedofilia, isso é abuso infantil, vocês querem pegar as crianças e dizer que isso é normal. […] Se você quer dar esse rabo, dê, mas não leve as crianças, não””, disparou o apresentador, se referindo a um comercial do Burger King em alusão ao Dia Internacional do Orgulho LGBT, celebrado em 28 de junho.

“O réu fez afirmações de caráter discriminatório e de preconceito, inclusive incitando o uso de violência à população LGBTQIA+, relacionando indevidamente a orientação sexual e a identidade de gênero dos indivíduos com a prática de crimes relacionados à pedofilia, uso de drogas e de ofensas à família brasileira […] Dessa forma, resta demonstrado que o programa veiculado afrontou diversos princípios e regras constitucionais e convencionais, constituindo-se em conduta discriminatória e de preconceito, cabendo pois a presente ação judicial a fim de reparar o dano coletivo perpetrado pelas partes rés”, diz um trecho da ação, que é assinada pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão no Rio Grande do Sul, Enrico Rodrigues de Freitas, e pela advogada Alice Hertzog Resadori, da associação LGBTQIA+ Nuances – Grupo Pela Livre Expressão Sexual.

Os signatários encaminharam a ação à Justiça Federal e, nela, pedem que Sikêra e a RedeTV sejam condenados ao pagamento de R$ 10 milhões a título de indenização por danos morais coletivos, sendo que o valor seria destinado à estruturação de centros de cidadania LGBTQIA+.