Após a repercussão negativa nas redes sociais, o comentarista da CNN Brasil Leandro Narloch resolveu explicar sua fala sobre o fim da proibição para homossexuais masculinos doarem sangue. Em mensagem publicada no Twitter, ele lamentou se "pareceu preconceituoso", mas reiterou o argumento alvo de críticas.
"Como eu disse, a nova regra de doação é muito boa. Restringe a doação baseada na conduta que aumenta o risco, e não na identidade sexual", escreveu no Twitter, novamente destacando que a regra também "deixa de ser injusta com gays monogâmicos ou que se protegem".
No entanto, em sua explicação, Narloch voltou a reafirmar que gays têm mais chance de ter Aids, o que classificou como algo "de conhecimento notório e incontroverso".
"O que não desmente o fato da prevalência de HIV ser mais alta entre gays. Isso é de conhecimento notório e incontroverso - mudar essa situação é justamente uma das boas bandeiras do movimento LGBT".
A tese de que gays têm mais comportamento de risco ou concentram mais casos de Aids é uma das razões pela qual a proibição da doação de sangue se manteve por muito tempo. Além de reforçar o preconceito contra a comunidade LGBTQI+, ela não corresponde à realidade no Brasil.
Estudos do próprio Ministério da Saúde indicam que a Aids cresce mais entre heterossexuais do que entre homossexuais, o que foi verificado, por exemplo, em 2007, 2014 e 2019. As análises também apontam para o comportamento de risco de heterossexuais masculinos que o preconceito ignora, com baixo uso de preservativo em geral e a multiplicidade de parceiros secreta entre os que têm relacionamentos oficialmente monogâmicos.
"De todo modo, lamento se o comentário pareceu a alguns homofóbico ou preconceituoso. Fiquei muito triste com isso. Não gosto de homofobia e me incomodo bastante em ser rotulado assim", encerrou o comentarista.
Entenda o caso
Narloch comentava sobre a doação de sangue no programa Live CNN. Nesta quarta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revogou a resolução que proibia homossexuais masculinos de doarem, atendendo decisão do Supremo Tribunal Federal, do último dia 9 de maio.
“A mudança na verdade é pequena, ela vai restringir mais a conduta, e não o tipo de pessoa, a opção sexual do indivíduo. Toda essa polêmica começou porque, não há dúvida disso, os gays, os homens gays, eles têm uma chance muito maior de ter Aids, né?”, disse Narloch.
“Em 2018, uma pesquisa mostrou que 25% dos gays de São Paulo eram portadores de HIV”, completou, sem citar fontes para o suposto estudo.
“Mesmo que esse número seja exagerado, e de fato ele parece mesmo exagerado, o fato é que é dezenas de vezes maior, maior a chance do que na população geral. A questão é que outros critérios para exclusão já restringem os gays que têm comportamento promíscuo, né?”, completou.