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Relatos de pessoas que estavam no local denunciam repressão policial para “dispersar” presentes, afirmações homofóbicas e até a recusa de socorro médico a participante do evento.
Da Redação*
“Isso é mais um desses viadinhos drogados. Não vamos ajudar nada não”, teria dito um policial militar, ao se negar a prestar socorro a um participante da Parada LGBT de Contagem (MG). A denúncia foi feita por um participante do evento em seu Facebook pessoal e é uma das dezenas de declarações a respeito da atuação policial preconceituosa, realizada pelo 39º Batalhão da PM de Minas Gerais.
Em seu relato, o rapaz revela que estava parado em um ponto de ônibus, quando observou um jovem passando mal. Sua primeira atitude foi recorrer a uma viatura policial, que recusou a ajuda. Na sequência, o jovem passou a espumar pela boca e as pessoas ao redor começaram a entrar em pânico. A vítima teve duas paradas respiratórias e acabou sendo levado ao hospital por outra viatura, porque uma mulher policial teria tido a iniciativa de socorrer a vítima.
Ações preconceituosas teriam acontecido também ao longo do evento. O ativista Gleyk Silveira garante que por mais de dez vezes viu policiais militares insultarem casais gays e assediar casais de lésbicas. Gleyk, que também é vice-presidente da União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais de MG (UNA LGBT), teve o celular e óculos quebrados por um cassetete de madeira, quando filmava uma das agressões físicas que presenciou. “Um dos policiais se virou e deu uma porrada no meu celular. Tentou me dar outra, eu me virei, bateu nos meus óculos e quebrou”, conta.
Para “dispersar”
A repressão policial ostensiva começou às 19h30, assim que o evento acabou oficialmente. Anderson Cunha Santos, presidente da ONG Cellos Contagem e um dos organizadores da Parada, confirma as denúncias de violência excessiva da PM. De acordo com participantes, houve o uso de cassetetes, spray de pimenta, destruição de celulares e ofensas sem motivo aparente. Anderson avalia que ação policial não atrapalhou o ato político, mas é altamente preocupante por seu caráter de preconceito.
“Para nós, isso não foi um incidente. Os relatos é de que a polícia intervia não só com violência, eram agressões verbais também. Policiais depreciavam as pessoas por conta da sua orientação e identidade de gênero, deixando bem claro a LGBTfobia”, indigna-se. “A gente quer respostas e apuração dos fatos. De porquê a PM usou de tanta violência se estava lá para garantir a segurança das pessoas”, questiona Anderson.
Respostas
A Prefeitura de Contagem, por meio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, esteve presente ao evento e afirma ter dado “total e irrestrito apoio”. Informam também que a Guarda Civil trabalhou para reforçar a segurança, mas não usou violência ou realizou prisão. A ONG Cellos Contagem, na posição de organizadora da Parada LGBT, afirma que está reunindo fotos, vídeos e denúncias que devem ser entregues à Secretaria Estadual de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania para investigação dos abusos policiais.
*Com informações do Brasil de Fato
Foto: Cellos-MG/Divulgação