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Após se revelar lésbica em entrevista, ex-ginasta desperta debate nas redes; para ativista, apesar do sensacionalismo criado em torno da notícia, declaração de Laís é importante para dar visibilidade à pauta LGBT
Por Jarid Arraes
A ex-ginasta Laís Souza declarou, em entrevista à revista TPM, que mantém um relacionamento com outra mulher. "Eu tenho uma namorada, sou gay há alguns anos", compartilhou a ex-atleta, o que causou grande repercussão midiática e despertou diversos debates entre militantes do movimento LGBT.
Para Emanuelle Carvalho, ativista dos movimentos feminista e LGBT, o sensacionalismo em torno de sua declaração revela uma cultura de heterossexualidade compulsória. "Quem faria uma manchete dizendo que Willian Bonner se assumiu hétero?", provoca. A militante ainda afirma que se sentiu incomodada pela falta de discussão a respeito da possível bissexualidade de Laís Souza: "A repercussão me chocou muito. Desde a abordagem da própria Laís, que se identifica como gay e não como lésbica ou bissexual, até a falta de autoconhecimento da nossa própria sexualidade, mesmo em ambientes onde se espera uma opressão menor".
Apesar disso, Carvalho destaca a importância de sua declaração pública, levando em consideração o fato de que a ex-ginasta tem grande visibilidade nacional e despertou a empatia da população ao contar sua história de superação. "Eu acredito que Laís, sendo uma ex-atleta tetraplégica, visibiliza posivitamente duas demandas vulneráveis. Nós sempre somos escondidas, invisibilizadas, e quando nos mostram é sempre num viés de fetiche", pontua. Por isso, o combate ao preconceito duplo é necessário: "Tem gente ali dizendo que a condição física dela se dá por merecimento, fruto de sua orientação sexual", lamenta a ativista.
(Foto de capa: Rafael Ribeiro/CBF)