LITERATURA

História do Brasil: cinco livros essenciais para conhecer a formação do nosso país

Confira cinco títulos clássicos e contemporâneos essenciais para entender a formação do Brasil com base nos eventos históricos, paradigmas e conflitos sociopolíticos que moldaram o país ao longo de seus mais de 500 anos de história

Brasil: Uma Biografia, Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling.Créditos: Companhia das Letras
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Confira cinco títulos clássicos e contemporâneos essenciais para entender a formação do Brasil com base nos eventos históricos, paradigmas e conflitos sociopolíticos que moldaram o país ao longo de seus mais de 500 anos de história, de colônia portuguesa a República.

1. Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda (1936)

Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda.
Crédito: Companhia das Letras

A obra mais célebre de Sério Buarque evidencia a formação histórica do Brasil sob o mito do "homem cordial" e a pretensão patrimonialista de seus homens de governo.

Sérgio Buarque mostra, em Raízes do Brasil, que a característica cordial impregnada na visão do homem brasileiro sobre si mesmo não exclui a violência, mas "a mascara com a aparência da intimidade", e permite a continuação de relações de opressão estrutural entre classes e raças.

2. Casa-Grande e Senzala, Gilberto Freyre (1933)

Casa-Grande e Senzala, Gilberto Freyre.
Créditos: Editora Global

A obra clássica de Gilberto Freyre, também alvo de críticas sociológicas (surgidas principalmente entre 1970 e 1980), surgidas das inovações trazidas por estudos decoloniais e pelo movimento negro, que sinalizam uma suavização da brutalidade do regime escravocrata brasileiro e o destaque ilusório dado à "proximidade afetiva" entre escravizados e escravizadores, reconstrói uma imagem da identidade nacional baseada nos seus símbolos de integração.

Tanto sob o antro brutal das relações de raça que opunham senhores de engenho a escravizados como na criação da figura patriarcal no núcleo familiar da casa-grande, são abordadas por Freyre para falar da formação do Brasil.

E, a despeito das críticas à obra, é importante ter um panorama da ideia apresentada pelo autor: a de que as relações violentas e hierárquicas do processo de escravização de populações africanas no Brasil foi também um ponto de infusão cultural, trocas e da formação de uma "civilização mestiça" no país.

3. Formação do Brasil Contemporâneo, Caio Prado Jr. (1942)

Formação do Brasil Contemporâneo, Caio Prado Jr. 
Créditos: Editora Brasiliense

Uma interpretação da história da formação econômica do Brasil, a obra de Caio Prado faz uma leitura crítica do empreendimento colonizatório e de seu legado para a estrutura socioeconômica do país.

A análise de Caio Prado parte do materialismo histórico para analisar o sentido mercantil da produção, o posicionamento do Brasil na divisão internacional do trabalho (como exportador de commodities primárias) e, consequentemente, de uma economia "voltada para fora", sob o plano de fundo de uma sociedade agrária, escravista e aristocrática, dominada pelos interesses mais imediatos de elites econômicas com fortes ligações (de subordinação) com o mercado externo.

4. Brasil: Uma Biografia, Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling (2015)

Brasil: Uma Biografia, Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling.
Crédito: Companhia das Letras

O retrato brasileiro mais atual da antropóloga Lilia Schwarcz e da historiadora Heloisa Starling retraça, com figuras imagéticas e uma apuração histórica original, a história "não autorizada" do Brasil, focando nas manifestações culturais e sociais do país nos seus 500 anos de formação.

Além de tratar do fenômeno da mestiçagem, da violência e da história do Brasil colonial, a antropóloga e a historiadora trazem o Brasil mais para o presente e falam também, com uma coleção de fotos inéditas, de fenômenos políticos atuais, como o impeachment de Dilma Rousseff.

A história brasileira é "dinâmica e paradoxal, escravagista e insurgente, impiedosa e solidária, tirânica e libertária", dizem as autoras, que buscam conexões entre a "grande história" e o cotidiano que a forma, as "coisas públicas" e a vida privada, os "personagens célebres" e "indivíduos miúdos, quase anônimos".

5. As Veias Abertas da América Latina, Eduardo Galeano (1979)

As Veias Abertas da América Latina, Eduardo Galeano.
Crédito: L&PM

Apesar de não se tratar exclusivamente do Brasil, o ensaio de Galeano traz uma visão panorâmica da formação latino-americana, cujos elementos estão incrustados na trajetória brasileira, desde sua colonização em massa pelos europeus até uma colonização de outra espécie pela potência hegemônica, os EUA, na contemporaneidade.

Altamente crítica e escrita em linguagem pulsante, até poética, As Veias Abertas da América Latina falam da exploração da mão de obra indígena, da posição latino-americana nas redes de comércio internacional (periférica), e chegou a ser banida em Argentina, Brasil, Chile e Uruguai ao longo das ditaduras sangrentas instauradas nos países entre 1964 e 1985.

O livro é um marco da luta contra as políticas neoliberais e evidencia: "a autodeterminação começa pela boca", a capacidade de um país produzir aquilo que se consome, que o mune de uma autonomia poderosa.

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