Pela primeira vez na História, os Estados Unidos atacaram diretamente o Irã, o que tem o potencial de abrir as portas do inferno no Oriente Médio.
O bombardeio às instalações nucleares iranianas expõe que os Estados Unidos atuaram em conjunto com Israel desde que Tel Aviv iniciou a ofensiva contra Teerã, na sexta-feira, 13.
Com o ataque, as 19 bases dos Estados Unidos no Oriente Médio se tornam alvos em potencial. Oito delas são permanentes.
O escopo dos ataques de Israel ao Irã demonstram que o objetivo de Tel Aviv é provocar troca de regime em Teerã.
Desde a revolução islâmica de 1979, o Irã é alvo do Ocidente. O país está sob um forte regime de sanções econômicas desde 1987.
"Ameaça existencial"
Embora Israel tenha usado a questão nuclear como pretexto para justificar o ataque, o fato é que Tel Aviv anteviu a oportunidade de eliminar o que considera uma "ameaça existencial".
Um dos objetivos declarados do aiatolá Khomeini ao assumir o poder em 1979 era eliminar Israel, que via como um instrumento dos Estados Unidos para impor sua hegemonia no Oriente Médio.
A reportagem da Fórum, que esteve em Teerã entre 1 e 8 de junho, constatou que este continua sendo objetivo do regime.
Caso o governo do Irã caia, os EUA terão controle de território estratégico na "barriga" da Rússia, cortando pela metade a chamada Nova Rota da Seda pretendida pela China.
A China tem projetos de longo prazo no Irã, envolvendo bilhões de yuans, para garantir o fornecimento de petróleo e gás ao menos nos próximos 25 anos.
O Irã, integrante dos BRICS, tem um acordo estratégico com a Rússia que não inclui garantia de "defesa mútua".
O Kremlin já afirmou que a troca de regime em Teerã é "inaceitável".
Nos ataques de hoje, as instalações nucleares de Bushehr, onde 200 técnicos russos trabalham na construção de dois novos reatores, foram poupadas.
Israel atacou o Irã dias antes de uma sexta rodada de negociações de Teerã com os Estados Unidos, marcada para Mascate, a capital de Omã, sugerindo que Donald Trump agiu para "enganar" os iranianos.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, diz desde os anos 90 do século passado que o Irã está próximo de obter uma bomba atômica.
Antes do ataque dos EUA, o porta-voz em inglês do Irã, o Teerã Times, ameaçou:
O posicionamento de pessoal e ativos americanos na Ásia Ocidental torna-a extremamente vulnerável a potenciais retaliações iranianas, visto que estão facilmente ao alcance de mísseis e drones iranianos. Aproximadamente 50 mil militares estadunidenses estão na região sob o comando do Pentágono, e os EUA investiram bilhões de dólares em suas 19 bases na Ásia Ocidental, inclusive no Iraque, Barein, Kuwait, Catar e Emirados Árabes Unidos.