INESPERADO

Destruição em Israel coloca Netanyahu na defensiva

Vídeos sugerem que Irã usa mísseis mais sofisticados do que se esperava

A surpresa até agora é que muitos mísseis do Irã venceram a defesa israelense.
Domo ineficaz.A surpresa até agora é que muitos mísseis do Irã venceram a defesa israelense.Créditos: IRNA
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A inesperada destruição testemunhada em território de Israel colocou o governo de Benjamin Netanyahu na defensiva em relação à população local.

Na semana passada, Tel Aviv iniciou uma ofensiva militar que tem o objetivo de derrubar o regime da República Islâmica do Irã, instalado em 1979.

Israel argumenta que tem completo domínio aéreo sobre Teerã, o que tem permitido atacar prédios residenciais e eliminar dezenas de líderes militares e cientistas nucleares do Irã, além de atacar a infraestrutura local.

Milhares de pessoas estão deixando Teerã, mas isso também acontece por conta de férias escolares, nas quais iranianos se dirigem a suas casas de campo.

Diferentemente do que diz a propaganda ocidental, Teerã é uma cidade sofisticada, que tem cerca de 17 milhões de habitantes em sua região metropolitana.

A Revista Fórum testemunhou, na semana retrasada, antes do ataque de Israel, que as lojas de Teerã tinham abastecimento normal, apesar do país sofrer sanções do Ocidente desde 1987.

Shopping centers como o gigante Iran Mall são tão ou mais luxuosos que instalações similares no Brasil, como o Shopping JK Iguatemi de São Paulo.

A ideia de um Irã atrasado, submetido a um regime da Idade Média, serve muito à propaganda de Israel e do Ocidente.

Fake news em alta

Desde que a guerra estalou, as redes sociais foram invadidas por fake news sugerindo o colapso imediato do regime iraniano ou, com o recurso da Inteligência Artificial, forjando imagens do aeroporto de Ben Gurion, em Tel Aviv, completamente destruído.

O balanço dos dois governos fala em 224 mortos no Irã e 24 em Israel, com centenas de feridos.

Se existe uma surpresa até agora é a capacidade do Irã de penetrar o chamado Domo ou Cúpula de Ferro, o sistema de defesa de anti-aéreo de Israel composto por várias camadas.

Pela primeira vez em sua História, a estrutura física das cidades israelenses, como Tel Aviv e Haifa, sofre danos consideráveis por conta de mísseis inimigos.

Israel nega que o Irã disponha de mísseis manobráveis ou hipersônicos.

Autoridades agora admitem que o Domo de Ferro não é impenetrável e que de 5% a 10% dos mísseis iranianos não serão interceptados.

Na manhã desta segunda-feira, 16, uma nova onda de ataques contra Tel Aviv aconteceu.

Vídeos sugerem míssil avançado

O Irã argumenta que está usando uma nova geração de mísseis produzidos com tecnologia própria. Um deles, o Fatah, seria hipersônico. Mísseis hipersônicos viajam a pelo menos 5 vezes a velocidade do som, ou seja, acima de 6 mil quilômetros por hora ou 1.700 metros por segundo.

Mísseis do gênero não fazem a trajetória balística, ou seja, não saem da atmosfera antes de reentrar e cair sobre o alvo. Mísseis balísticos têm uma trajetória previsível, demoram mais para chegar ao alvo e, portanto, são mais fáceis de interceptar.

Mísseis hipersônicos viajam praticamente na horizontal e podem ser manobrados antes de chegar ao alvo, o que dificulta a interceptação.

É impossível saber exatamente quais armas cada país está usando. Israel e Irã também escondem, por motivos óbvios, os danos causados a instalações sensíveis.

Porém, vídeos verificados de ataques a Israel sugerem que o Irã está usando mísseis mais sofisticados do que Israel acreditava existirem no arsenal persa.

Veja nas imagens abaixo como mísseis iranianos furam a defesa anti-aérea de Israel e atingem o solo em altíssima velocidade.

Os EUA vão intervir?

Do ponto-de-vista militar, há três perguntas que podem definir o futuro: até quando Teerã terá condições de atacar o território de Israel?; até quando Israel conseguirá manter ataques a 1.500 km de seu território? os Estados Unidos entrarão na guerra?

Por enquanto, Estados Unidos e Jordânia estão comprometidos com a defesa de Israel, destruindo mísseis e drones que voam a partir do Irã. 

Mas a esperança de Benjamin Netanyahu é de que o governo de Donald Trump ataque o Irã diretamente, acabando com o processo que ele iniciou, de demolir o regime dos aiatolás -- o que os EUA buscam indiretamente desde 1979.

O Irã ameaça sair do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, o que poderia levar os EUA a se envolverem no conflito.

Porém, diante das mortes e destruição em Israel, analistas israelenses já começam a lançar dúvidas sobre o futuro.

Escrevendo uma coluna de opinião no diário israelense Haaretz, Eitay Mack afirmou:

Em poucos dias ou semanas, quando a fumaça dos bombardeios se dissipar e a testosterona inebriante se dissipar, ficará claro para o público israelense que a ameaça iraniana, de fato, não foi resolvida. Talvez a motivação do Irã para produzir armas nucleares tenha até aumentado como resultado dessa rodada de violência.

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