O Wall Street Journal noticiou: na segunda-feira (9) Trump pede para que Israel não ataque o Irã. Essa foi uma entre várias reportagens da mídia norte-americana, com ecos na imprensa israelense, afirmando que a Casa Branca não queria que os israelenses atrapalhassem as negociações diretas entre Washington e Teerã sobre um possível acordo nuclear.
Desde abril, o Omã vinha mediando conversas entre autoridades dos Estados Unidos e do Irã. Já foram realizadas cinco rodadas de negociações com o objetivo de restabelecer um novo Plano de Ação Conjunto Global, que impediria o Irã de desenvolver armas nucleares em troca do fim das sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia. Haveria reunião neste domingo em solo omani.
O ataque de Israel desta quinta-feira (13) deve selar o fim dessas negociações e frustrou uma possível vitória política do governo Trump no Oriente Médio.
Em maio, Donald Trump decidiu fazer um cessar-fogo com os houthis, deixando Israel responsável por atacar o grupo sozinho, o que foi visto como uma traição pelos israelenses.
O ponto culminante da tensão entre os sionistas e a Casa Branca foi a visita de Trump à Arábia Saudita, ao Catar e aos Emirados Árabes Unidos — sem passagem por Tel Aviv ou Jerusalém. A dissonância entre as duas principais lideranças da extrema direita global tornou-se pública e evidente.
O cenário que se desenha lembra o dilema do ovo e da galinha: quem manda nos EUA é Israel, ou Israel é que manda nos EUA?
Hoje, Netanyahu demonstrou ter mais poder de barganha nessa relação do que Donald Trump.
Ao ordenar o ataque, o primeiro-ministro israelense forçou Trump a abandonar a postura mais moderada que vinha adotando.
Num primeiro momento, o secretário de Estado Marco Rubio afirmou que os EUA se limitariam a "se defender". Horas depois, o discurso oficial mudou: agora, os EUA se defenderão e defenderão Israel, segundo o próprio presidente dos EUA.
Trump entregou os pontos. Tentará fingir que tudo saiu como planejado e que sempre esteve ao lado dos israelenses. Mas, na prática, age contrariado. Perdeu tempo em negociações duras que agora foram meladas pelo seu porta-aviões sionista.
O "homem mais poderoso do mundo" foi humilhado por um primeiro-ministro que governa sem maioria no Parlamento de um Estado acusado de apartheid e genocídio — e contra o qual há um mandado de prisão por crimes contra a humanidade.
Agora, resta acompanhar a dimensão dos ataques iranianos em resposta a Israel e o papel que os demais países da região — especialmente os rivais do Irã, como Jordânia, Arábia Saudita, Síria, Turquia e Egito — terão diante das possíveis retaliações persas ao Estado de Israel.