CHINA EM FOCO

O que diz o Livro Branco da China sobre a guerra comercial com os EUA

Governo publicou um documento oficial para guiar as relações com Washington

A Posição da China sobre Algumas Questões nas Relações Econômico-Comerciais China-EUA
A Posição da China sobre Algumas Questões nas Relações Econômico-Comerciais China-EUACréditos: Reprodução/CGTN
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Nesta quarta-feira (9), o Escritório de Informação do Conselho de Estado da China publicou um Livro Branco, isto é, uma cartilha oficial que descreve e deve guiar o comportamento das instituições do país frente à guerra comercial entre Pequim e Washington que se desenrola, de maneira mais acentuada, desde 2 de abril.

Atualmente, os EUA estão cobrando tarifas de produtos chineses que podem chegar a 104%. A China devolveu com tarifas de 84%. Mas também age de forma coordenada dentro do estado, a partir de suas múltiplas instituições, para reduzir as perdas causadas pela guerra aduaneira.

Intitulado "A Posição da China sobre Algumas Questões nas Relações Econômico-Comerciais China-EUA", o documento enfatiza que a guerra comercial prejudicará ambos os países e a economia global como um todo, enfraquecendo a cooperação multilateral.

O texto destaca que a cooperação e as negociações são a melhor estratégia para desenvolver os países, e destaca os caminhos para uma eventual reaproximação entre os países.

Estruturado em seis capítulos, o documento aborda a natureza das relações China-EUA e dá uma estrutura para as ações do governo chinês ao longo dos próximos momentos de conflito.

O Livro afirma que os acordos comerciais estabelecidos entre Pequim e Washington em fase inicial poderiam proteger ambos os países de ameaças como a violação de propriedade intelectual e a proibição de transferências forçadas de tecnologia, além de garantir a ampliação do acesso ao mercado para produtos alimentícios, agrícolas e serviços financeiros.

A China ainda destaca seu compromisso inalienável com entidades de comércio multilaterais como a Organização Mundial do Comércio.

Mas o país também lamenta que a fase inicial dos acordos não foram cumpridas por Washington, e critica as tarifas impostas pelos estadunidenses.

Livro Branco

Leia alguns trechos da publicação, divulgados pelo periódico chinês Global Times:

"As tarifas enfraquecerão a base industrial dos EUA. A administração Trump pretende que essas tarifas forcem a relocalização da indústria manufatureira dos EUA. Na realidade, as tarifas afetarão gradualmente a cadeia industrial e a cadeia de suprimentos, agravarão o risco de ruptura da cadeia de suprimentos e do esvaziamento industrial, e acrescentarão problemas que dificultam o desenvolvimento da manufatura. O Peterson Institute for International Economics avalia que mais de 90% dos custos das tarifas serão suportados pelos importadores dos EUA, pelas empresas de downstream e, por fim, pelos consumidores finais, por meio de preços mais altos.

As tarifas agravarão o pânico no mercado financeiro. No dia seguinte ao anúncio das tarifas, os três principais índices de ações dos EUA caíram mais de 5% cada. Enquanto isso, o dólar norte-americano despencou em relação ao euro, demonstrando a crescente preocupação do mercado com a ruptura da economia e o impacto drástico na confiança.

As tarifas aumentarão o risco de recessão econômica nos EUA. JPMorgan, Goldman Sachs e outras instituições financeiras dos EUA aumentaram substancialmente suas projeções sobre o risco de recessão no país. Segundo suas pesquisas, as tarifas dos EUA e as contramedidas de outros países poderiam levar a uma redução do PIB real dos EUA em aproximadamente 1 ponto percentual.

Ao mesmo tempo, as tarifas distorcerão a alocação de recursos do mercado global, minarão as bases da cooperação global e afetarão o crescimento estável de longo prazo da economia mundial. Elas comprometerão a estabilidade das cadeias industriais e de suprimentos globais e infligirão um duro golpe às circulações econômicas internacionais. A Diretora-Geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou que as novas tarifas dos EUA terão um impacto devastador no comércio e no crescimento econômico global, levando a uma contração de cerca de 1% nos volumes de comércio global de bens em 2025, representando uma queda de 4 pontos percentuais em relação à previsão anterior.

A história repetidamente ensinou a lição de que o protecionismo comercial não ajuda a fortalecer a economia doméstica de um país. Em vez disso, causará graves danos ao comércio e aos investimentos mundiais, o que pode desencadear uma crise econômica e financeira global, com consequências inevitáveis para si e para os outros"

"Guerras comerciais não produzem vencedores, e o protecionismo leva a um beco sem saída. O sucesso econômico da China e dos EUA representa oportunidades compartilhadas, e não ameaças mútuas. Espera-se que a parte norte-americana una forças com a chinesa para seguir na mesma direção apontada pelos dois líderes de Estado em sua conversa telefônica no início deste ano.

Guiando-se pelos princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação de benefícios recíprocos, os dois países podem resolver suas respectivas preocupações por meio de diálogo e consultas em pé de igualdade, promovendo conjuntamente o desenvolvimento saudável, estável e sustentável das relações econômico-comerciais bilaterais"

 

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